Um artigo publicado pelo cientista político, Robert Muggah, no site da NPR, uma rádio pública comandada pelo governo dos Estados Unidos, diz que o presidente Jair Bolsonaro se tornou “ameaça à saúde pública” com seu “populismo pandêmico”. Muggah, que é fundador do Instituto Igarapé e do SecDev, ressalta o estado crítico em que se encontra o Brasil neste momento da pandemia da covid-19, reflexo direto da falta de comando da principal liderança nacional.

O canadense apontou o “fracasso em retardar o surto, juntamente com uma campanha de vacinação anêmica”, o que, em sua visão, “não só criou uma tragédia doméstica, mas uma ameaça global em plena expansão”.

“O Brasil enfrenta dias sombrios pela frente. Os erros de Bolsonaro também estão colocando em risco os esforços globais para combater a pandemia. O pesadelo da covid-19 que se desenrola no Brasil é uma acusação contundente do populismo pandêmico. É também uma luz brilhante para outros líderes globais, incluindo nos EUA, para pressionar Bolsonaro para colocar sua casa em ordem antes que incendeie a de todos os outros”, apontou Robert Muggah.

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“Grande parte da culpa pela desastrosa crise de saúde do Brasil está totalmente nas mãos do presidente de extrema direita do país, Jair Bolsonaro. No ano passado, ele minimizou a ameaça, divulgou teorias da conspiração, ridicularizou medidas de saúde, denunciou bloqueios, sabotou esforços de vacinação e até contraiu a doença”, arrematou Muggah.

Ele apontou os pedidos das principais autoridades para que o governo federal ajudasse no combate à pandemia, mas “o presidente e seu círculo de conselheiros exortaram seus apoiadores a resistir ao uso de máscara e defenderam o uso de hidroxicloroquina”, apesar da falta de comprovação cientifica sobre o poder de combate do remédio.

O perigo da variante de Manaus e a lentidão da vacina

Muggah ressaltou o perigo da variante de Manaus, conhecida como P.1, e que já se espalhou pelo Brasil e pelo mundo. Potencialmente mais transmissível do que o coronavírus comum, a mutação de Manaus, atinge em larga escala os jovens e pode limitar a eficácia das vacinas contra a covid-19.

Ele ressalta o sucesso do alcance do SUS em um país continental como o Brasil. “No entanto, Bolsonaro causou um curto-circuito na implementação da vacinação desde o início. O plano inicial de seu governo era fabricar 100 milhões de doses da vacina AstraZeneca [de Oxford], mas isso foi adiado. Ele então tentou apressar a distribuição da CoronaVac, uma vacina chinesa aprovada por institutos de pesquisa locais e apoiada pelo rival de Bolsonaro, João Doria, governador de São Paulo”, escreveu o cientista canadense.

Diante da inépcia do governo “pouco mais de 4 em cada 100 cidadãos receberam uma injeção, em comparação com mais de 24 nos Estados Unidos e 20 no Chile, de acordo com o Our World in Data, um site da Universidade de Oxford”.

Em comparação a períodos de pandemias anteriores, o articulista do NPR destaca que em 2010 mais de 100 milhões de pessoas foram vacinadas contra a H1N1, e isso em apenas três meses. Se o ritmo atual da imunização contra a covid prosseguir, nem todos os brasileiros estarão vacinados contra a covid-19 até 2024.

O artigo pode ser lido na íntegra clicando aqui.