Expoente máximo da moda minimalista, Giorgio Armani não faz alarde. Discreta e elegantemente, como é de seu estilo, está costurando sua retirada do mundo dos negócios, após 25 anos no comando de uma das mais sofisticadas grifes do planeta, a preferida dos ricos e famosos que, mais do que aparecer, se preocupam em estar bem vestidos. Armani não é só glamour. Trata-se de uma das mais sólidas e lucrativas do segmento de alto luxo ? e por isso, também, os próximos movimentos dos estilistas na passarela da indústria da moda estão sendo ansiosamente aguardados. O grupo Armani, com 2 mil lojas espalhadas pelo mundo, fatura cerca de US$ 1 bilhão ao ano e tem uma rentabilidade superior a 12%. Aos 66 anos, Giorgio quer passá-lo adiante, mas ainda não decidiu como. Sem um sucessor direto na administração, divide-se entre abrir o capital da empresa ou aceitar uma das bilionárias propostas que recebeu para vendê-la.

Por baixo dos cabelos prateados, a cabeça de Armani ferve. Ele já avisou que a decisão será tomada até o final do ano. Era inevitável. Diante da onda de fusões e aquisições que estremece seus concorrentes, ele sente-se cada vez mais desconfortável trajado de último sobrevivente entre os estilistas-empresários. Grupos como o francês LVMH e os italianos Gucci e Prada se alfinetam pelo controle das etiquetas mais cobiçadas e já estão duelando, nos camarins, pela Armani. As propostas já estão chegando no palazzo do século XVII que serve de QG para a grife no centro de Milão. ?A possibilidade de vender tem de ser pesada?, já admitiu o próprio Armani.
Fundado em 1975, o império de Giorgio Armani hoje vai bem além dos ternos impecáveis e dos vestidos de corte clássico e caimento perfeito. Ao lado do sócio Sergio Galeotti, morto em 1985, o estilista desde o início preocupou-se em diversificar, criando linhas como a Emporio Armani e Armani Exchange, para o dia-a-dia, a Armani Ochiali (óculos), além de artigos para presente, decoração e perfumaria. Em outubro, chegam ao mercado cosméticos com a sua assinatura.