BUENOS AIRES (Reuters) – A Argentina chegou a um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para reestruturar o pagamento de uma dívida de 44,5 bilhões de dólares, disse nesta sexta-feira o presidente do país, Alberto Fernández, em meio à prolongada crise financeira que varre o país.

A nação sul-americana deve cancelar um pagamento de cerca de 700 milhões de dólares nesta sexta-feira e enfrentará cobranças onerosas nos próximos meses que, segundo especialistas, seriam impossíveis de encarar sem ajuda financeira.

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“Tínhamos uma dívida impagável, que nos deixava sem presente e sem futuro, e agora temos um acordo razoável que nos permitirá crescer e cumprir nossas obrigações por meio de nosso crescimento”, disse Fernández em mensagem televisionada.

O presidente de centro-esquerda, o qual buscava um acordo que não implicasse impacto acentuado na economia que pudesse levar mais argentinos à pobreza, explicou que o acerto não condicionará as políticas econômicas do país e não exigirá um corte abrupto nos gastos públicos.

“Este acordo não nos condiciona, poderemos atuar exercendo nossa soberania e levar adiante nossas políticas de crescimento, desenvolvimento e justiça social”, disse Fernández.

O ministro da Economia, Martín Guzmán, revelou posteriormente em coletiva de imprensa que o país concordou com um programa de financiamento com o FMI no valor de cerca de 44,5 bilhões de dólares, que terá a duração de dois anos e meio.

Guzmán afirmou que o acordo com o organismo envolverá uma redução “gradual” do déficit fiscal a 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023 e a 0,9% em 2024.

Ele acrescentou que o acordo –ainda a ser aprovado pela diretoria executiva do FMI e que precisa do aval do Congresso argentino– não impactará o crescimento do país e envolverá uma redução gradual do financiamento do banco central ao Tesouro, de modo que atinja quase zero em 2024.

O ministro também disse que as reservas internacionais da Argentina devem crescer 5 bilhões de dólares em 2022 e que “não haverá salto cambial (que deprecia a moeda)”.

A Argentina fez um acordo com o FMI para reduzir a inflação, que está perto de 50% ao ano, buscando impulsionar a produção, entre outros fatores, e de forma que o país tenha taxas positivas de juros reais, acrescentou Guzmán.

O Poder Executivo argentino enviará o acordo ao Congresso para que seja aprovado pela oposição, com quem o governo mantém tensões que em dezembro levaram o Parlamento a rejeitar o projeto orçamentário oficial.

“O acordo era ter uma política fiscal que não inibisse a continuidade da recuperação”, disse Guzmán.

(Por Nicolás Misculin; reportagem adicional de Agustín Geist e Lucila Sigal)

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