A angustiante busca pelo submarino argentino San Juan, que implodiu há um ano no Atlântico Sul com 44 tripulantes a bordo, terminou neste fim de semana com a localização de sua carcaça, que dificilmente poderá ser trazida à superfície.

O navio Seabed Constructor, da empresa americana Ocean Infinity, que localizou o submarino, já partiu na noite de sábado para a África do Sul, onde será submetido a reparos, informou a Marinha argentina.

Luis Tagliapietra, pai do tenente de corveta Alejandro Tagliapietra, um dos tripulantes do San Juan, resumiu em uma mensagem divulgada pelos meios de comunicação um resumo dos sentimentos que a descoberta da embarcação causou nos familiares.

“Não tenho palavras para descrever, sinto uma profunda dor e angústia, mas, ao mesmo tempo, sabemos onde estão e é o primeiro passo para saber a verdade e o que aconteceu”, declarou, em um breve vídeo.

“É um dia muito difícil, é um dia impensável e irreal. Mas também é o primeiro passo, que nos levou um ano, para chegar à verdade, não vamos ficar de braços cruzados até sabermos por que o que aconteceu aconteceu”, acrescentou.

– No fundo do mar –

O ARA San Juan voltava de Ushuaia, no extremo sul da Argentina, e se dirigia para Mar del Plata e estava localizado a 500 km da costa quando fez um último contato em 15 de novembro de 2017, na área onde um sinal sonoro foi registrado no Golfo de São Jorge.

Estima-se que a implosão ocorreu duas horas após esse último contato.

Segundo imagens captadas por um robô, o submarino está a 907 metros de profundidade e várias de suas partes são soltas.

Vários dos parentes dos marinheiros pediram que o navio fosse rebocado, mas as autoridades argentinas já avisaram que não poderão fazer isso.

– Palavra da justiça –

De qualquer forma, a decisão de remover o submarino exige o endosso da justiça, que por enquanto ainda não se posicionou.

“Estamos falando de um barco que pesa 2.500 toneladas com água, então não vou arriscar perder condições físicas ou vidas humanas para resgatá-lo”, declarou a juíza Marta Yáñez, encarregada do caso.

Por pressão dos familiares, após as buscas fracassadas do submarino, o governo contratou a empresa do navio Ocean Infinity para continuar vasculhando os mares e a localização de San Juan aconteceu pouco antes das tarefas serem encerradas.

Apenas um dia antes, a Marinha organizou um ato em homenagem à tripulação do submarino San Juan, em Mar del Plata, por ocasião do aniversário de um ano de seu desaparecimento.

A cerimônia contou com a presença do presidente Mauricio Macri e também de vários parentes dos marinheiros.

O investimento nos trabalhos de buscas alcança 920 milhões de pesos (25,5 milhões de dólares).

Lançado na Alemanha em 1983 e incorporado à Marinha argentina em 1985, o “San Juan” era um dos três submarinos do país e seu processo de reparos havia terminado em 2014.