Centros na Argentina e no Brasil irão desenvolver e fabricar vacinas anticovid com tecnologia de RNA mensageiro para a América Latina e o Caribe, anunciou nesta terça-feira (21) a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), que busca reduzir a dependência da região de insumos importados.

“Estamos apostando que esses dois centros contribuirão de forma proativa para a transferência de conhecimento e tecnologia na região”, disse o subdiretor da Opas, Jarbas Barbosa, ao informar sobre a iniciativa em uma videoconferência.

No Brasil, foi selecionado o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), que faz parte da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Ministério da Saúde, para desenvolver e fabricar os princípios ativos da vacina.

E na Argentina, foi escolhida a Sinergium Biotech, empresa biofarmacêutica privada que fará parceria com a mAbxience, do mesmo grupo.

Um grupo de especialistas independentes escolheu os dois centros entre os 30 interessados em participar de uma plataforma regional lançada em agosto pela Opas.

Com isso, explicou Barbosa, o escritório regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) visa expandir as capacidades produtivas e fortalecer uma cadeia de valor na região para aumentar o acesso e a independência tecnológica nas Américas com relação a vacinas, medicamentos e suprimentos médicos, especialmente em emergências de saúde pública, como a pandemia de covid-19.

“Cada região deve ter capacidade de fabricação de vacinas”, enfatizou Soumya Swaminathan, cientista-chefe da OMS, na apresentação com Barbosa, realizada durante a 59ª reunião do Conselho Diretor da Opas que acontece em formato virtual até sexta-feira.

Swaminathan destacou as vantagens da tecnologia do ácido ribonucleico mensageiro (mRNA), a mesma utilizada na vacina dos laboratórios Pfizer e BioNTech, alemão e americano respectivamente, e no imunizante da empresa americana de biotecnologia Moderna.

“Em comparação com outras, a tecnologia de mRNA provou ser muito bem-sucedida para as vacinas contra covid-19 e é altamente adaptável, não apenas contra variantes do vírus, mas também contra outros patógenos”, disse.

A especialista destacou que já estão em andamento trabalhos para utilizar essa tecnologia em vacinas contra malária e tuberculose e para a produção de anticorpos monoclonais.

Ao contrário da injeção do vírus atenuado ou inativado, as vacinas de mRNA instruem as células a gerar uma proteína que desencadeia uma resposta imunológica à infecção.

Barbosa afirmou que, uma vez obtida esta vacina regional de mRNA contra a covid-19, os dois centros se comprometeram a solicitar o sinal verde da Opas para seu uso, o que permitirá que seja oferecida aos países por meio do Fundo Rotativo da instituição.

“Temos um trabalho árduo pela frente. Mas somos movidos pela convicção de que a recompensa será uma contribuição para o acesso oportuno e equitativo às vacinas para nossa região, que continua a ser a mais atingida por esta pandemia”, declarou.