Por Maximilian Heath

BUENOS AIRES (Reuters) – A Argentina, maior exportador mundial de óleo de soja, provavelmente não conseguirá aproveitar ao máximo os preços recordes do produto, disseram exportadores e analistas, devido à seca que atingiu a safra do grão, um recente aumento de impostos de exportação e subsídios para conter os preços internos.

Os preços do óleo de soja atingiram uma máxima nesta sexta-feira, depois que a Indonésia efetivamente proibiu os embarques de óleo de palma, aumentando as preocupações sobre a já baixa oferta global de óleos vegetais alternativos.

“Haverá um impacto nos preços internacionais, o que é uma boa notícia para a Argentina desse ponto de vista”, disse à Reuters Gustavo Idigoras, chefe da câmara de processadores e exportadores de grãos CIARA-CEC da Argentina.

“Mas é uma má notícia para o mercado doméstico”, acrescentou, explicando que a indústria teria que pagar “subsídios adicionais” como parte de um acordo para manter os preços locais baixos.

Argentina, maior exportador mundial de soja processada e o segundo maior nos embarques de milho, tem uma série de mecanismos, incluindo cotas de exportação para controlar os preços domésticos.

A inflação anual do país está acima de 55%, impulsionada pelos custos dos alimentos.

Agustín Tejeda Rodríguez, economista-chefe da Bolsa de Cereais de Buenos Aires, disse que a proibição da Indonésia pode abrir uma oportunidade para a Argentina.

“A Argentina poderia capturar uma proporção maior da demanda mundial abastecendo os países que dependem do óleo de palma da Indonésia”, disse ele à Reuters, acrescentando que o aumento de impostos e a seca no início do ano limitariam a oportunidade.

(Reportagem de Maximilian Heath)

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