Maior produtora de aço do mundo e uma das maiores do Brasil, a ArcelorMittal completou 100 anos no País em dezembro. A siderúrgica com sede em Luxemburgo instalou sua primeira unidade no País na cidade de Sabará (MG) em 1922. Hoje possui usinas em seis estados, emprega 16 mil profissionais e tem capacidade de produção anual de 12,5 milhões de toneladas de aço bruto e de 7,1 milhões de toneladas de minério de ferro. Uma empresa da estrutura gigante, centenária, de um dos setores mais conservadores e tradicionais da economia, que em menos de um ano anunciou investimentos de R$ 7,6 bilhões na operação brasileira. Pelos próximos três anos, visa modernizar as plantas e os equipamentos e colocar novos produtos e de melhor qualidade no mercado.

Junto dessa montanha de dinheiro estão projetos que saem do AçoLab — o laboratório de inovação aberta da ArcelorMittal — e a aproximação com startups. Tudo isso funciona como uma espécie de cosmético que rejuvenesce a companhia para encarar seu próximo centenário. “Formos a primeira usina integrada da América Latina, há 100 anos. Sempre tivemos a inovação em nosso DNA”, disse Jefferson De Paula, presidente da ArcelorMittal Brasil. “Não é porque somos de um setor tradicional que não devemos ser modernos”, afirmou o executivo, que acumula os cargos de CEO da ArcelorMittal Longos na América Latina e Mineração Brasil.

TRADICIONAL E MODERNO Presidente da ArcelorMittal Brasil, Jefferson De Paula lidera os projetos de inovação da empresa que completou (Crédito:Marcus Desimoni)

O anúncio do investimento aconteceu dia 10 de fevereiro. Será de R$ 1,3 bilhão para modernizar a planta de Barra Mansa (RJ). O projeto prevê a ampliação do atual laminador da usina, para produção de barras para a indústria automobilística. E a instalação de um novo laminador e melhorias na aciaria para ampliação do portfólio de produtos de alta qualidade. Com isso, a empresa vai entrar no mercado de vigas para a construção civil. “Sairemos de uma planta que produz 300 mil toneladas de aço por ano e vamos ter uma produção de 750 mil de aço de alta qualidade”, disse De Paula. O abastecimento será prioritariamente ao mercado interno.

O aporte anterior foi divulgado em novembro. Serão R$ 4,3 bilhões aplicados na usina de Monlevade e na mina de Serra Azul, em Minas Gerais, que terão suas capacidades ampliadas. A usina quase dobrará a capacidade produtiva, passando do atual 1,2 milhão de toneladas de aço bruto ao ano para 2,2 milhões de toneladas por ano em 2024. Já a mina de Serra Azul terá sua capacidade praticamente triplicada, do atual 1,6 milhão de toneladas/ano para 4,5 milhões de toneladas/ano de minério de ferro. Em abril do ano passado já havia sido anunciado investimento de R$ 2 bilhões na expansão da unidade de Vega, em São Francisco do Sul (SC), para a terceira linha de galvanização e uma nova linha de recozimento contínuo.

INOVAÇÃO A modernização das plantas da ArcelorMittal estão amparadas em um otimismo do crescimento da economia brasileira, depois de 23% de crescimento da demanda geral por aço no Brasil em 2021, para atendimento do mercado e reposição de estoques. “Este ano deve ser de acomodação. Mas acreditamos nos avanços a médio prazo da infraestrutura, de portos, ferrovias, estradas, projetos de energia, de saneamento e o agro negócio”, afirmou o presidente da ArcelorMittal. “Temos de estar preparados para absorver as oportunidades.”

Os projetos e investimentos para manter-se entre as principais siderúrgicas do Brasil, junto a CSN, Gerdal e Usiminas, saem da AçoLab. Criado em 2018, o hub é pioneiro na inovação da indústria do aço do mundo e um dos 11 laboratórios de pesquisa e desenvolvimento da empresa espalhados pelo planeta. Juntos, têm a colaboração de 1,3 mil engenheiros e pesquisadores que fazem provas de conceito e testam produtos viáveis. A ArcelorMittal também mantém um programa de tração e scale-up de startups por meio de capital venture, que possui fundo de R$ 100 milhões para serem aplicados nos próximos três anos. Também há parcerias estratégicas com o Centro de inovação Tecnológica (CIT) do Senai de Minas Gerais para a indústria 4.0, e com a Universidade de São Paulo (USP), com foco na construção civil. Ações para deixar mais leve, ágil e jovem, características da Geração Z (nascidos entre 1995 e 2010), uma empresa centenária e consistente como o aço.