A força multinacional de luta anti-extremista no deserto africano do Sahel recebeu, nesta quarta-feira (13), 130 milhões de euros em contribuições de Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos para financiar o seu funcionamento.

Em uma cúpula de dirigentes europeus e africanos no subúrbio de Paris, o presidente francês, Emmanuel Macron, advertiu que a luta anti-extremista no deserto africano “está em seu auge” e o objetivo “é alcançar vitórias no primeiro semestre de 2018”.

O principal anúncio da reunião foi a decisão da Arábia Saudita, representada por seu ministro das Relações Exteriores, Adel al-Jubeir, de contribuir com até 100 milhões de euros à força G5 do Sahel.

Os Emirados Árabes Unidos, por sua vez, anunciaram que contribuirão com 30 milhões de euros para a força, cujas necessidades para que seja eficazmente operativa superam os 250 milhões de euros.

Com os anúncios de hoje, a força já tinha prometidas contribuições de 248 milhões de euros se forem acrescentados os € 50 milhões da União Europeia, os € 10 milhões de cada um dos cinco países participantes (Níger, Burquina Faso, Chade, Mali e Mauritânia) e € 8 milhões da França. A esse valor deve ser somada uma promessa americana de 60 milhões de dólares (pouco mais de € 50 milhões).

A reunião contou com a presença dos presidentes do G5 do Sahel: o malinês Ibrahim Boubakar Keita, o nigerino Mahamadou Issoufou, o burquinense Roch Marc Christian Kaboré, o chadiano Idriss Déby e o mauritano Mohamed Uld Abdelaziz.

“Devemos ganhar a guerra contra o terrorismo na zona sahelo-saariana, posto que está em seu auge. Há ataques a cada dia, há Estados que se encontram ameaçados”, explicou Macron após finalizar uma reunião nos arredores de Paris, destinada a acelerar o trabalho do G5 do Sahel, integrada por soldados de cincos países na região.

A iniciativa G5 do Sahel, lançada no início do ano, aspira a montar uma força de 5.000 soldados, composta por militares dos cinco países envolvidos, daqui até meados de 2018.

Essa aliança já tem um quartel-general na cidade malinesa de Sevare, e realizou uma primeira operação na zona “das três fronteiras”, entre Mali, Níger e Burquina Faso.

Seu objetivo é reconquistar e garantir a segurança das zonas onde os grupos extremistas realizam “ações surpresa” antes de se dispersarem no imenso deserto do Sahel, uma região tão extensa quanto a Europa.

Esses extremistas são centenas – entre 500 e 800, segundo estimativas -, mas conservam a capacidade de enfraquecer Estados muito frágeis.

A maioria dos combatentes extremistas foi expulsa pela intervenção militar internacional lançada em janeiro de 2013 por iniciativa da França, mas ganharam um novo impulso no norte do Mali apesar da presença de 12.000 capacetes azuis e da força francesa Barkhane, que conta com 4.000 soldados na região.

Os extremistas multiplicaram os ataques contra essas tropas estrangeiras e o Exército malinense, e em 2017 estenderam suas ações para o centro e sul do Mali, na fronteira com Níger e Burquina Faso, que muitas vezes são cenário de seus atentados.

A luta contra os grupos extremistas também sofre as consequências das “falhas” do processo de paz no Mali, que não consegue reconciliar as diferentes partes do sul e norte do país.

O G5 do Sahel também tem um problema de ordem econômica, já que os países que o compõem estão entre os mais pobres do mundo e, portanto, não podem mobilizar os 250 milhões de euros necessários para a força conjunta.