Laura Zanni foi campeã mundial de iatismo em 2003 – o único título conquistado pelo Brasil em 97 anos. Em 2007, ela se preparava para a Olimpíada, que seria realizada em Pequim no ano seguinte, quando seu destino mudou completamente. Os ventos a levaram para a direção de um negócio familiar, longe da vela mais ainda perto do esporte — desta vez, o esqui. Naquele ano, os pais de Laura, Flávio e Cristina Zanni, começaram a importar roupas de inverno. Em 2010, o empreendimento tomou forma com a Benevento, especializada em artigos para a neve. A primeira loja foi aberta na Alameda Lorena, nos Jardins, um dos endereços mais luxuosos da capital paulista. E se Laura não conquistou mais nenhuma medalha, a Benevento segue atraindo clientes endinheirados e dispostos a manter a elegância mesmo debaixo de neve — especialmente esquiadores.

“A gente percebeu que havia um gap no mercado”, afirma Laura. “O brasileiro não tinha opção e acabava comprando a roupa no destino, muitas vezes enfrentando problemas com o idioma e a taxa cambial.” A estratégia deu certo e já aparece nos resultados. Sem revelar números, Laura garante que a empresa cresceu a uma taxa de dois dígitos nos últimos anos. Em breve, a loja muda para um novo endereço na própria Alameda Lorena, mas em um espaço três vezes maior. A Benevento tem ainda uma unidade no Pacaembu, em São Paulo, e outra em Campinas, no interior paulista. Com um ticket médio de R$ 2 mil reais, a loja vende artigos para práticas esportivas na neve, mas também roupas de inverno para o ambiente urbano a preços que podem variar de R$ 50 a R$ 7 mil. Raros são os clientes que saem com apenas um item na sacola.

A rede trabalha com roupas importadas de 60 fornecedores que produzem vestuário estiloso e com tecnologia especializada para baixas temperaturas. Entre elas estão as grifes Blondo, Cougar, Kamik e Mitchies (do Canadá); Gallery, Gordini, In Cashmere, London Fog, M. Miller, Michael Kors, Nils, Snow Dragons, The North Face, Wigwan e Spyder (Estados Unidos); Orobos, Via Spiga e Mico (Itália); Goldbergh (Holanda); Descento (Japão) e Black Spade (Turquia).

Embora tenha também uma loja online, o tráfego no site não alcança ainda 10% das vendas na loja física. “Ali a gente também presta consultoria e pode indicar os melhores produtos para o destino escolhido”, explica Laura Zanni. “Isso é uma limitação no canal online.” Ainda assim, ela aposta no e-commerce para alcançar eventuais compradores em todo o Brasil. “Existem regiões do País onde as pessoas mal conseguem comprar roupas de frio”, diz ela. “Mas, eventualmente podem ter uma viagem marcada e somos o único canal capaz de atendê-las”. Nem o verão escaldante dos trópicos desanima Laura Zanni: “Existe frio o ano todo em algum lugar do mundo”.