A Apple anunciou, na segunda-feira, 5, o Apple Vision Pró, óculos de realidade mista que pretende chacoalhar o mercado de tecnologia. O gadget permitirá que o usuário o controle com os olhos, mãos e voz, além do teclado e do touchpad da marca. Será possível assistir vídeos, participar de chamadas de vídeo, navegar na internet e controlar objetos 3D. 

+Apple entra em mercado de óculos de realidade virtual para competir com Meta, Sony e outras

O preço, no entanto, é bem salgado: US$ 3.499 (R$ 17 mil em conversão direta). O preço é muito acima do principal concorrente, o Quest Pro, da Meta, que está sendo vendido por US$ 999 (R$ 4.999). O equipamento será vendido nos Estados Unidos a partir do começo de 2024 e não tem data para chegar ao Brasil. 

Para o especialista em inovação e tendências Arthur Igreja, o lançamento da Apple vai mexer muito com as big techs e, principalmente, com o mercado de inteligência artificial. 

Empresa terá que analisar ‘buzz’ no mercado

“Foi um lançamento grandioso e não por acaso aconteceu no evento para desenvolvedores, pois agora eles precisam de conteúdo, de apoio, precisam ver o quanto que a iniciativa vai decolar e a analisar o ‘buzz’ não só da mídia, mas a sinalização por parte dos consumidores. Acredito que foi um evento esperado, estrategicamente importante, pois a Meta se coloca como uma empresa que está batendo de frente com a Apple em diversos segmentos, então isso é uma resposta por parte da Apple ao demarcar território. É um posicionamento estratégico natural da Apple. Ela não chega em primeiro, mas normalmente, se apresenta com as soluções mais bem resolvidas e muito foco no ‘hi-end’, ou seja, muito recurso, fruto de muita patente,  investimento e, com isso, um preço substancialmente alto”, disse.  

Timing foi adequado

Igreja acredita que é muito difícil, neste momento, identificar se os óculos foram lançados no momento certo, mas aponta que o timing da Apple foi o correto. 

“É imensamente difícil avaliar isso, porque sempre quem dá a resposta é o consumidor final, mas entendo que o timing é adequado para a Apple. Não é tarde demais, mas também não é cedo demais. Diferente de várias outras empresas que se aventuraram no mercado e acabaram quebrando a cara. A Apple sempre tenta encontrar esse meio do caminho para não ser a primeira e passar vergonha ou chegar atrasada. Se vai ter uma curva de adoção grande, se muita gente vai comprar, a resposta só virá a partir do ano que vem”.

Preço será um impeditivo 

O especialista explica que o preço pode afastar uma boa parte do público consumidor, mas que neste momento a Apple não está visando o grande público, mas sim os chamados “early adopter”, ou seja, os aficionados por tecnologia que são sempre os primeiros a experimentarem as novidades.

“Uma parte do público, sim, está pronta para a tecnologia, mas serão ‘early adopter’ mesmo dentro do nicho da Apple, ou seja, a empresa mira os ‘early adopter’ e os não sensíveis a preço, mas, que são extremamente ligados em tecnologias”, explicou.  

“Certamente vai afastar e até por isso que já se tem rumor que mesmo dentro de 2024 ou no máximo 2025, vai sair uma espécie de versão light, ou seja, com menos recursos. Isso é bem comum, pois a tecnologia, a miniaturização e o barateamento avançam de tal forma que, talvez, o que é a versão ‘ultra power’ de hoje, em breve, com os componentes um pouco mais acessíveis, será possível oferecer um produto com uma degradação de recursos que não é tão pesada, assim como a Apple já fez com os relógios, com os smartphones, entre outros devices”, encerrou.