A Apple retirou de sua loja de aplicativos App Store um programa gratuito de leitura do Alcorão (bíblia muçulmana), um dos mais populares do mundo, a pedido do governo da China, segundo a emissora estatal britânica BBC.

O aplicativo Quran Majeed possui cerca de 150.000 comentários na App Store e é usado gratuitamente por milhões de muçulmanos em todo o mundo, diz a emissora.

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Apesar de o governo chinês não ter respondido ao pedido de esclarecimento da BBC, a emissora afirma que possivelmente o app tenha sido removido por hospedar textos religiosos considerados ilegais no país asiático.

A exclusão do programa foi descoberto pelo site Apple Censorship, que monitora globalmente os aplicativos disponíveis na loja da Apple.

Um comunicado emitido pela PDMS, produtora do Quran Majeed, citada pela BBC, diz que a empresa fundada por Steve Jobs removeu o aplicativo da App Store na China “porque inclui conteúdo que requer documentação adicional das autoridades chinesas”. A empresa diz no comunicado reproduzido pela emissora britânica que possui cerca de um milhão de usuários na China.

A BBC lembra que o Partido Comunista Chinês, que comanda o país, reconhece oficialmente o Islã como religião. No entanto, a China foi acusada de violações dos direitos humanos, e até genocídio contra o grupo étnico uyghur, de maioria muçulmana, na região de Xinjiang.

A Apple não quis comentar a retirada do app, mas informou à emissora que sua política de Direitos Humanos prevê a obrigatoriedade de “cumprirem as leis locais e, às vezes, de discordarem dos governos quando houverem questões problemáticas”.

A produtora do Quran Majeed diz à BBC que “tem a confiança de mais de 35 milhões de muçulmanos em todo o mundo”.

Vale dizer que a China é um dos maiores mercados da Apple, e a empresa produz seus dispositivos, incluindo o iPhone, em fábricas chinesas.