A Apple, que revolucionou a tecnologia e o design com produtos como o iPod, o iPad e o iPhone, alcançou outro feito nesta quinta-feira (2), ao se tornar a primeira empresa privada a superar 1 trilhão de dólares de valor na Bolsa.

O volume foi alcançado quando às 15h50 GMT (12h50 de Brasília) sua ação chegou a 207,05 dólares em Wall Street. Ela fechou a 207,39 dólares.

Os títulos do grupo americana se valorizaram sem parar desde um bom anúncio, na noite de terça-feira, de lucros e dividendos.

O feito desta quinta-feira é a última grande vitória do CEO da Apple, Tim Cook, que tinha sido recebido com ceticismo pelo mercado quando assumiu o grupo em 2011, após a morte do cofundador Steve Jobs em outubro daquele ano.

Jobs, que brilhou por sua audácia e carisma, criou a Apple em uma garagem do Vale do Silício em 1976 com Steve Wozniak, e eles transformaram a empresa em uma potência mundial. A emblemática maçã se tornou um ícone global de inovação.

Após a morte de Jobs, analistas e observadores da indústria se indagavam se a empresa conseguiria manter sua magia para criar novos produtos e se manter como pioneira na tecnologia e no design.

Cook ganhou aos poucos respeito e apoio dos investidores ao apresentar uma longa série de resultados financeiros sólidos e de ampliar ainda mais a presença dos seus produtos em lojas da China e de outros mercados.

Como em outros sucessos do mercado – como quando o índice Dow Jones superou as 25.000 unidades pela primeira vez -, a valorização da Apple se relaciona com outros fatores além do universo financeiro.

“A marca de 1 trilhão de dólares é acima de tudo psicológica e envia ao mercado uma mensagem de magnitude e crescimento”, disse Howard Silverblatt, analista da S&P Dow Jones Indices.

Mas outros atores do mercados relativizam a importância do feito.

“É uma dessas coisas que não significa muito em si mesma… Mais que qualquer coisa, é uma prova da importância da Apple no mercado”, disse Karl Haeling, da LBBW.

A Apple apresentou, na terça-feira, provas de sua solvência e prosperidade ao anunciar um bem sucedido trimestre graças à venda dos smartphones iPhone 8 e iPhone X.

A Apple relatou um aumento de 30% no lucro líquido, a 11,3 bilhões, entre abril e junho. A receita subiu 17%, a 53,5 bilhões de dólares, graças aos iPhones, serviços online e acessórios.

O recorde da Apple marca também a supremacia de empresas tecnológicas dos Estados Unidos nos mercados mundiais, com gigantes como Amazon, Google, Microsoft e Facebook.

– Inovação e dinheiro –

Liderada por Cook, a Apple colocou seu foco na venda de conteúdo e serviços digitais e conseguiu ganhar muito dinheiro vendendo música, vídeos, aplicativos e assinaturas para os usuários da variada gama de dispositivos fabricados pelo grupo.

A Apple controla o hardware quanto o software de seus dispositivos móveis, com conteúdo para usuários que só podem ser comprados em sua AppStore, que recebe um percentual do que é vendido.

A assistente virtual Siri está presente em dispositivos da Apple, inclusive as caixas de som inteligentes HomePod, especialmente projetadas para seduzir os fãs de música.

A Apple também tem o relógio inteligente mais popular do mercado.

Cook está sempre à procura de inovações em uma empresa que cultua o sigilo.

Um ex-engenheiro da Apple foi acusado no mês passado de roubar segredos de tecnologia para carros antes de começar a trabalhar para uma empresa chinesa.

“A Apple leva muito a sério a confidencialidade e proteção de nossa propriedade intelectual”, disse a empresa à AFP em resposta sobre esse caso.

A Apple é a primeira empresa privada do mundo a conquistar esse valor de mercado emblemático. A companhia petrolífera estatal chinesa PetroChina alcançou-o rapidamente na sua introdução na Bolsa de Valores, em 2007, mas caiu em seguida.