SÃO PAULO (Reuters) – Com produções roteirizadas e baixo orçamento, as novelas e séries de dois minutos são formatos de entretenimento que têm atraído cada vez mais os usuários do Kwai, um aplicativo chinês de criação e compartilhamento de vídeos curtos que chegou no Brasil no final de 2019, durante a explosão pré-pandemia desses formatos de entretenimento.

O tema das telenovelas é muito forte no Brasil e em toda América Latina. A controladora do Kwai, Kuaishou, também possui uma vertente de produção de conteúdos semelhantes na China e conseguiu se adaptar ao mercado brasileiro, onde tem mais de 45 milhões de usuários ativos mensais.

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Chamado de TeleKwai, o recurso foca na criação de dramaturgias no formato vertical pelo celular, em episódios de até dois minutos.

A plataforma não produz diretamente os conteúdos, mas atua em algumas produções como coprodutora além de oferecer recrutamento, programas de treinamento, laboratórios de criação e roteiro para criadores de conteúdo. “É um trabalho de escala e muita interação”, disse Mariana Sensini, diretora geral do Kwai Brasil, sem dar detalhes sobre investimento no produto.

O aplicativo realizou os primeiros testes do serviço no Brasil no começo do ano e em abril já tinha mais de 100 contas produzindo conteúdo com frequência para o formato. Atualmente são 180 contas produzindo semanalmente, sendo que os vídeos totalizaram mais de 5,4 bilhões de visualizações em seis meses, de acordo com dados da empresa fornecidos à Reuters.

“Uma produtora pequena consegue fazer uma produção sem investimento enorme e ter uma visibilidade muito grande”, disse Sensini.

FATORES DEMOGRÁFICOS

O Kwai afirma ter atualmente no Brasil 45,7 milhões de usuários ativos mensalmente, que acessam o aplicativo, em média, por 60 minutos diários, ante 30 minutos em janeiro, quando os primeiros testes do TeleKwai ainda não tinham começado.

Segundo a companhia, o sucesso das telenovelas também se deu por fatores demográficos, com 54% dos usuários do Kwai tendo mais de 35 anos e 35% mais de 45 anos. Este público, de acordo com a empresa, já assistia a novelas na televisão.

“Não estamos focados em alguns nichos e centros urbanos e isso faz com que o aplicativo dê visibilidade para diversos tipos de criadores, não só para uma estética ou tipo de conteúdo específico”, diz Sensini.