Nos últimos dois meses, o empresário de origem libanesa Chaim Zaher, conhecido como um homem de poucos gastos, decidiu sair às compras. Focado na expansão no segmento de educação básica do Grupo SEB, com faturamento de R$ 780 milhões, ele orquestrou quatro aquisições no período. Primeiro, comprou os sistemas de ensino Pueri Domus e Múltiplo/Oxford.Depois, foi a vez da tradicional escola paulistana Sacré Couer, que dará espaço para a sua bandeira Concept.

O último negócio, anunciado na semana passada, foi o da rede canadense de escolas bilíngues Maple Bear, por estimados US$ 50 milhões. Com o negócio, Zaher vai ser o responsável por toda a operação da rede na América Latina. Somente no Brasil são 85 colégios franqueados e 15 mil alunos, que pagam mais de R$ 3,5 mil todos os meses. “Anterior-mente, tínhamos negociado apenas a América do Sul, mas aumentei um pouco a proposta e também vou cuidar do México”, disse Zaher à DINHEIRO. “Partir para o mercado internacional de educação era um antigo desejo nosso.”

Versão brasileira: o Grupo SEB pagou US$ 50 milhões para operar a marca canadense Maple Bear na América Latina
Versão brasileira: o Grupo SEB pagou US$ 50 milhões para operar a marca canadense Maple Bear na América Latina (Crédito:Divulgação)

O investimento reflete as novas prioridades do empresário: a educação básica e os clientes de maior poder aquisitivo. Ele controla 40 escolas próprias do Grupo SEB, os dois sistemas de ensino e agora a Maple Bear. A grande aposta de Zaher é a escola Concept, voltada para alunos mais ricos, com mensalidades de até R$ 6 mil. Além das três que terão aulas iniciadas este ano, outras unidades da Concept já estão programadas para 2018: uma no Rio de Janeiro, outra na capital paulista e a última no Vale do Silício, nos Estados Unidos. O investimento médio em cada uma delas será de R$ 20 milhões. “Queremos criar oportunidades aos estudantes, como poder oferecer opções de intercâmbios”, afirma Zaher.

DIN1006_sebchaim3Ele tem orgulho de frequentar, diariamente, os colégios que comanda, diz. O movimento de consolidações na educação básica deve se tornar uma rotina no mercado brasileiro. Zaher não esconde o interesse em ampliar a aquisição de ativos em outras regiões do País, como no Nordeste e no Rio de Janeiro. Além dele, que separou R$ 400 milhões de capital próprio para investir entre 2016 e 2018, outros grupos estão de olho no mercado, como a Kroton, maior instituição de educação privada do mundo em valor de mercado. “Será similar ao movimento visto nas compras de instituições de ensino superior”, diz Paulo Freire, analista da consultoria Hoper, especializada em educação.

Para não ficar atrás de concorrentes mais capitalizados, Zaher não descarta apelar para o mercado de ações, caso surjam oportunidades de aquisições maiores do que sua atual capacidade de compra. O Grupo SEB fez IPO em 2007 e saiu da BM&FBovespa três anos depois, quando vendeu seus sistemas de ensino à inglesa Pearson, por R$ 600 milhões. “Se precisar de mais dinheiro, voltarei à bolsa”, afirma o empresário, que diz não temer a concorrência de grupos maiores. “Quem quiser investir na educação pensando apenas em rentabilidade vai se dar mal.”