A relação da Kodak com a tecnologia pode ser chamada de, no mínimo, esquizofrênica. Sua maior inovação nos últimos 30 anos, a câmera digital, quase matou a companhia. Agora, a empresa de Rochester, nos Estados Unidos, investe em uma área completamente alheia a sua expertise. Ela lançou, esta semana, a KodakCoin, uma moeda virtual destinada aos fotógrafos que utilizam a plataforma de gerenciamento de direitos autorais da própria companhia. Junto, a empresa também lança um serviço de aluguel de máquinas de mineração de Bitcoins, chamadas de KashMiner. Quem, nos EUA, estiver interessado em minerar a criptomoeda sem fazer grandes investimentos, pode alugar uma das máquinas. O preço do serviço é a metade do lucro que o minerador conseguir com o equipamento. Os anúncios fizeram disparar em 200% as ações da companhia, que saiu de uma recuperação judicial em 2013.

 

… e a nova onda corporativa

E não é só a Kodak que está apostando nas moedas virtuais. Após verem a valorização de 1.300% da Bitcoin em 2017, empresas tentam surfar a nova onda das moedas virtuais empresariais. Baseado no Blockchain, a tecnologia por trás da Bitcoin, o dinheiro digital está sendo criado e lançado por companhias que precisam de capital. A mais ousada iniciativa até o momento parece ser do aplicativo de mensagens instantâneas Telegram, baseado na Rússia. Segundo o site CoinDesk, o aplicativo busca US$ 1,2 bilhão com o lançamento de sua moeda, previsto para esse ano. Na prática, é como se a empresa estivesse emitindo ações. Porém, sem qualquer regulação por trás disso.

(Nota publicada na Edição 1052 da Revista Dinheiro)