O comentarista dos canais Jovem Pan, Adrilles Jorge, foi demitido da emissora após fazer uma suposta saudação nazista no encerramento de um programa na noite desta terça-feira (8). Após apoiar o youtuber Bruno Aiub, o Monark do Flow Podcast, Adrilles se despediu do público com a palma da mão estendida, um sinal de saudação a Adolf Hitler, líder do nazismo entre as décadas de 1930 e 1940 na Alemanha.

Monark, que era um dos apresentadores do Flow e é tido como um dos responsáveis por difundir no Brasil a cultura do podcast, defendeu durante uma entrevista a criação de um partido nazista reconhecido pela lei. Ele argumentava durante debate com os deputados Kim Kataguiri (Podemos) e Tabata Amaral (PSB) sobre a liberdade de opinião e de expressão no Brasil.

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A fala gerou uma onda de represálias, com o Flow perdendo grandes patrocinadores e convidados cancelando suas participações ou pedindo a exclusão de entrevistas já gravadas. O youtuber foi desligado da sociedade que mantinha nos Estúdios Flow e vendeu a participação de 50% no negócio.

Monark alegou que “estava bêbado” quando falou sobre a criação do partido e que não é adepto de ideais nazistas.

Nesta quarta, Adrilles saiu em defesa do youtuber e deu um tchau para a audiência ao fim de um dos programas que participava na Jovem Pan. No Twitter, ele disse que foi “deturpado por canceladores”. “Infelizmente a pressão de uma turba canceladora e sua sanha de sangue surtiram efeito. Agradeço a Jovem Pan pela oportunidade e a todos os amigos que lá conquistei e quem em mim confiam e apoiam”, escreveu ele no Twitter.

Em comunicado, o Grupo Jovem Pan disse que repudia qualquer manifestação em defesa do nazismo e suas ideias, além de ser contra a perseguição a qualquer grupo por questões étnicas, religiosas, raciais ou sexuais.

“No exercício diário de informar e esclarecer nossa audiência, prezamos pelo livre debate de ideias, mas não endossamos qualquer tipo de manifestação que leve ao discurso de ódio e reforce ideias que remetam a um episódio da nossa história que deve ser lembrado como símbolo de um erro da humanidade que não deve jamais ser repetido”, disse a emissora.

Adrilles ganhou projeção no Brasil ao participar do Big Brother Brasil 15, em 2015. Então uma figura tida como frágil, o filósofo se tornou comentarista da Jovem Pan após uma série de declarações favoráveis ao presidente Jari Bolsonaro e de posições claramente racistas e homofóbicas – sempre com a opção pelo choque no discurso como contraponto a posições de esquerda.

Além disso, ele deu diversas declarações negacionistas, contrárias à vacina da Covid-19 e ao perigo contra a vida representado pela pandemia do coronavírus.