Por David Kirton

SHENZHEN, China (Reuters) – A fabricante chinesa de equipamentos de telecomunicações Huawei definiu como principal prioridade tornar seus negócios menos dependentes de tecnologia de ponta dos Estados Unidos, com um esforço para desenvolver seus recursos de software enquanto busca superar restrições norte-americanas que devastaram sua área de smartphones.

A Huawei foi posta em uma “lista negra” de exportação pelo governo do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump em 2019, sendo impedida de comprar produtos com tecnologias essenciais de origem nos EUA. A restrição afetou sua capacidade de projetar seus próprios chips e de buscar componentes de outros fornecedores.

A proibição colocou os negócios de celulares da Huawei sob imensa dificuldade.

A empresa atualmente “não tem expectativa” de ser removida da “Lista de Entidades” sob o governo de Joe Biden e agora está procurando desenvolver outras linhas de negócios depois de passar o último ano em “modo de sobrevivência”, disse o presidente do conselho de administração da empresa, Eric Xu, nesta segunda-feira.

“Não podemos desenvolver nossa estratégia com base em uma suposição infundada ou em esperanças irrealistas, porque se fizermos isso e se não pudermos ser retirados da lista de entidades, será extremamente difícil para a empresa”, disse Xu durante reunião anual com investidores e analistas da Huawei.

A Huawei investirá mais em negócios que são menos dependentes de técnicas avançadas, afirmou Xu, destacando a tecnologia de direção inteligente da empresa, no qual a Huawei investirá mais de 1 bilhão de dólares este ano. Essa tecnologia permite que os carros viajem mais de 1.000 quilômetros autonomamente, ultrapassando a Tesla nesse quesito, afirmou Xu.

Xu ainda disse que a Huawei está trabalhando com três montadoras chinesas de veículos em marcas que terão modelos com a inscrição “Huawei Inside”.

Segundo Xu, a atitude dos EUA contra a Huawei prejudicou a confiança de toda a indústria de semicondutores e contribuiu para a escassez global de chips, já que as empresas chinesas se apressaram em estocar semicondutores para três a seis meses de uso no ano passado, temendo uma ação semelhante contra elas por parte dos EUA.

A demanda combinada do mercado chinês por suprimentos de chips que não são afetados pelas regras dos EUA ou que podem estar em conformidade com as regras pode levar essas empresas a investir em chips e, eventualmente, fornecer à Huawei, disse Xu.

“Se isso puder ser feito e se nosso nível de estoque puder segurar a Huawei até que isso aconteça, então isso nos ajudará a resolver os problemas e desafios que enfrentamos”, afirmou.

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