O governador de São Paulo, João Doria (PSDB) e o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) trocaram farpas após entrevista de Doria no programa Roda Vida, da TV Cultura, na noite desta segunda-feira (23).

Na ocasião, o governador  atacou o parlamentar chamando-o “covarde” e “pária dentro do PSDB”. A fala de João Doria, que é pré-candidato à Presidência da República, ocorreu no contexto da votação da PEC do voto impresso na Câmara – Neves teria apoiado a medida, mas se absteve na votação.

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“Não teve a grandeza porque trabalhou a sua bancada, se é que podemos chamar assim, para votar a favor de Bolsonaro contra a democracia. E na hora do vamos ver, se absteve. Foi um covarde mais uma vez”, afirmou Doria.

Em nota, Aécio Neves rebateu as críticas, acusando Doria de “desqualificado”, de tentar ser “dono do PSDB” e que o governador “se ajoelhou aos pés de Bolsonaro implorando apoio, criando o inesquecível Bolsodoria”.

O parlamentar também diz que Doria traiu seu padrinho político, Geraldo Alckmin, “da forma mais covarde e humilhante possível”.

“O PSDB é fruto de uma construção coletiva, da qual participo há cerca de 30 anos. Não vamos permitir que ele seja tomado por um arrivista, cujo único objetivo é satisfazer seu próprio ego e sua ambição doentia”, diz Neves, por nota.

Doria defende que Neves seja afastado do PSDB devido às denúncias de corrupção das quais é alvo.

“Aécio Neves tem a síndrome da derrota. E começou a sua pior derrota naquele triste telefonema para um empresário de São Paulo pedindo propina. Eu entendo que pessoas que pedem propina a empresário, sendo do meu partido, deveriam se afastar”, declarou o governador paulista.

A fala refere-se à denúncia entregue à Procuradoria Geral da República (PGR) em 2017 por Joesley Batista, da JBS. No áudio, Aécio pede R$ 2 milhões.

O PSDB já rejeitou a proposta de afastamento de Aécio Neves do partido. “Minha vida pessoal já foi toda investigada e não existe um centavo de dinheiro público ou de origem duvidosa do qual tenha me beneficiado”, diz a nota do parlamentar.

Por fim, Doria acusou Neves de fazer acordos com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

“Não faço acordos com Bolsonaro, não me reúno no Palácio da Alvorada, nem no Palácio do Planalto com o presidente Bolsonaro como faz Aécio Neves. Não negocio emendas na calada da noite com Bolsonaro para defendê-lo depois na Câmara”.