O Softbank, um dos maiores investidores de tecnologia do mundo, conseguiu reduzir as suas perdas após brecar novos aportes e passar a ter um olhar mais criterioso para os seus investimentos. Mas a lição de casa não conseguiu reverter ainda os resultados no vermelho, com um novo prejuízo de bilhões de dólares em meio a um ambiente de juros altos, inflação e crescimento econômico em desaceleração no mundo.

O Softbank reportou prejuízo de US$ 7,2 bilhões no ano fiscal encerrado em março, ante perda de US$ 12,2 bilhões no período anterior. Na América Latina, a baixa foi de US$ 4,1 bilhões no ano fiscal, valor impactado pela reavaliação do valor das empresas em que o fundo investe, conforme seus demonstrativos financeiros.

Na região, entre as mais de 80 empresas em que aposta, há nomes como QuintoAndar, Rappi, Creditas, banco Inter, Pismo e Nubank. O Softbank não detalha em quais delas reavaliou o valor para baixo.

Os fundos Vision Fund 1 e 2 e as duas carteiras de investimentos na América Latina tiveram perdas de US$ 39 bilhões no ano fiscal encerrado em março. Só no trimestre, o prejuízo foi de US$ 2 bilhões.

Recuo

A cautela do fundo fica evidente nos montantes que vem liberando nos últimos meses. No primeiro trimestre de 2021, o Vision Fund 1 e 2 disponibilizaram US$ 15 bilhões em novos aportes. Já no trimestre mais recente, foram apenas US$ 400 milhões, ante US$ 300 milhões do anterior.

Yoshimitsu Goto, vice-presidente sênior do Softbank, conta que o grupo está em “modo defensivo” devido às várias mudanças no mercado global desde 2022, que aumentaram a volatilidade dos preços dos ativos e tiveram como episódio mais recente a quebra de bancos americanos. “Reduzimos novos investimentos e reduzimos dívidas”, comenta, em vídeo.

Nesse ambiente, o caixa do Softbank saltou para 5,1 trilhões de ienes (US$ 37 bilhões) e o executivo diz que está pronto para enfrentar eventuais novas turbulências. O foco agora afirma Goto, é a inteligência artificial. “Nossa estratégia é manter o modo defensivo, mas estarmos prontos para aproveitarmos boas oportunidades.”

O CEO do SoftBank Group International, Alex Clavel, afirmou recentemente que o momento atual é “difícil” e que o fundo segue priorizando negócios dentro de casa, sem novos aportes. O grupo tem várias empresas prontas para abrir o capital, só aguardando a reabertura do mercado.

“Essa desaceleração dos últimos dois anos é um pouco difícil… Mas, quando você tem um conjunto de fundadores que estão realmente famintos e agressivos e são lutadores de rua, estamos sempre muito animados em apoiá-los”, disse Clavel, na Brazil at Silicon Valley (SVB), conferência organizada por estudantes brasileiros das universidades de Stanford e Berkeley, em Santa Clara, na Califórnia (EUA).

Ao todo, os fundos do Softbank têm um total de US$ 166 bilhões em recursos comprometidos. Na América Latina são US$ 7,6 bilhões. Na região, já fez 105 investimentos, avaliados em US$ 5,7 bilhões.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.