Em meio a uma avalanche de denúncias, o apresentador Sikêra Jr. utilizou suas redes sociais neste domingo (18) para deixar um recado misterioso. “Se eu chegar no ponto de me calar e ficar distante, meu limite foi atingido. Me aguardem”, escreveu.

O apresentador do “Alerta Nacional”, da RedeTV!, foi alvo de uma campanha de desmonetização após falas homofóbicas em seu programa. Encabeçada pelo Sleeping Giants Brasil, a campanha contra Sikêra já o fez perder ao menos 62 patrocínios na televisão e em seu canal no Youtube, segundo o site.

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Entre as marcas que deixaram de investir estão a MRV, Tim, HapVida, Magazine Luiza, Nivea, Ford, Casas Bahia, Samsung, Renault, Kwai, PicPay Mercedes Benz e Globo.

“Oi, Sleeping Giants, obrigado por avisar! Não compactuo com qualquer discurso de ódio e já bloqueei a (sic) veículo de meus anúncios nesse canal”, escreveu a Globoplay.

“O Magalu é contra qualquer forma de LGBTfobia e nunca admitiremos isso. Não patrocinamos o programa, mas havia anúncios sendo exibidos de forma automática pelo YouTube no canal. Eles já foram bloqueados e não serão mais exibidos”, afirmou o Magalu.

“Não compactuamos com nenhum discurso de ódio e já bloqueamos a veiculação dos nossos anúncios”, disse o PicPay.

No Twitter, a Nivea disse que “não compactua com a propagação de fake news e de discursos de ódio”. Já a Ford afirmou que “defende e valoriza a diversidade e reforça o compromisso com a comunidade LGBTQIA+.

Relembre o caso

No Dia Internacional do Orgulho LGBTQUIA+, em 28 de junho, Sikêra Jr chamou esse público de “raça desgraçada e nojenta”. O episódio ocorreu depois de afirmar, ao vivo e em tom de piada em 18 de junho: “Já pensou ter um filho viado e não poder matar?”

Embora tenha pedido desculpas e afirmado que se excedeu ao criticar um comercial do Burger King, Sikêra Jr. é alvo do Ministério Público Federal, que protocolou uma ação contra o apresentador por declarações homofóbicas, segundo o site UOL. O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) também entrou com um pedido de investigação no MP.

“Eu preciso reconhecer que me excedi, no calor do comentário, defendendo a inocência de crianças que eu sempre defendi. Posso ter usado palavras que me arrependo, sou humano. Errei, erro e vou errar”, defendeu-se o apresentador.

Sikêra Jr. foi criticado por diversas personalidades: Daniela Mercury, Ludmila, Xuxa, com quem trocou farpas ao vivo e acusou de pedofilia devido à participação no filme “Estranho Amor” após a exibição de um vídeo de zoofilia transmitido em seu programa. Sikêra também processa o ex-jogador e apresentador Neto, em ação que pede indenização de RS$ 44 mil e direito de retratação.

Outra polêmica que envolve Sikêra Jr. é um cachê de RS$ 120 mil recebido pelo governo Jair Bolsonaro (sem partido) para fazer ações publicitárias para cuidado precoce contra a Covid-19 (R$ 24 mil), lançamento da cédula de R$ 200 (R$ 24 mil), combate ao aedes aegypti (transmissor da dengue) (RS$ 8 mil), conscientização sobre exposição de crianças na internet (R$ 20 mil) e Semana Brasil 2020 (R$ 16 mil). O documento, apresentado na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 e obtido pela Folha de S. Paulo, indicava sete campanhas publicitárias pagas pela Secretaria de Comunicação (Secom) em nome de José Siqueira Barros Junior Produções.

Na última quinta-feira (15), o “Alerta Nacional” contou com patrocínios do Ministério da Educação e da Caixa Econômica Federal, além de uma entrevista exclusiva com o presidente Bolsonaro direto do hospital em que esteve internado em São Paulo.