Um dia após exonerar a coordenadora da área que monitora o desmatamento da Amazônia, o ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, Marcos Pontes, afirmou nesta terça-feira, 14, que a medida não tem relação com as altas no desmatamento recentes – tema que colocou o governo na mira de críticas nacionais e estrangeiras. E para minimizar o impacto negativo, apresentou avanços na observação da floresta, anunciando um sistema mais preciso para ajudar a conter a devastação, o chamado Deter Intenso.

Pontes reafirmou que a retirada de Lubia Vinhas da coordenação da Observação da Terra (OBT) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) era uma mudança prevista num processo de reestruturação que começou a ser elaborado no ano passado.

Segundo ele, o objetivo é “melhorar a gestão de recursos, de pessoal e a eficiência em termos de execução de projetos”, mas disse que não haverá mudanças no funcionamento dos projetos que monitoram a Amazônia, como o Deter e o Prodes. “Durante essa reestruturação, continua a mesma equipe. Em time que está ganhando a gente não mexe”, afirmou o ministro, em uma tentativa de apaziguar as críticas feitas nesta segunda-feira de que a exoneração de Lubia seria uma forma de tentar tolher a divulgação dos dados.

No ano passado, quando os indicadores apontaram que o desmatamento estava subindo, o presidente Jair Bolsonaro e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disseram que os dados eram mentirosos. As acusações levaram a uma reação do então diretor do Inpe, Ricardo Galvão, que acabou sendo exonerado em 20 de julho.

Nesta terça, Pontes se esforçou para dizer que as duas exonerações não estão relacionadas com os dados. Disse que Galvão saiu por “discussões com o presidente” – o físico acusou Bolsonaro de ser “pusilânime e covarde” depois que este disse que os dados do Inpe eram mentirosos e insinuar que Galvão estaria “a serviço de alguma ONG”.

Já sobre Lubia, disse: “Ela não foi demitida, continua no Inpe. É servidora, ótima profissional, assume uma projeto estratégico de altíssima importância para o País”, afirmou Pontes. Lubia, que era coordenadora da OBT, reportando-se diretamente ao diretor, agora assumia a chefia de um projeto de implementação de uma Base de Informações Georreferenciadas (BIG), sob uma nova coordenação.

Com a nova estrutura, a OBT, juntamente com outros dois departamentos – o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) e o Centro de Ciência do Sistema Terrestre (CCST) – passa a ser subordinados à Coordenação-Geral de Ciências da Terra, que responderá por todo o trabalho da área ambiental do Inpe.