O corregedor-geral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luis Felipe Salomão, determinou, na terça-feira, 7, que a rede social Gettr suspenda pagamentos a blogueiros bolsonaristas que são alvo das investigações que apuram a disseminação deliberada de notícias falsas e ataques às urnas eletrônicas. A pedido da Polícia Federal, Salomão ampliou para o Gettr a decisão de 16 de agosto em que determinou a suspensão de pagamentos a investigados com perfis e canais nas principais plataformas, como YouTube, Instagram, Twitter e Twitch.

Eles arrecadam com publicidade, doações e total de acessos nos conteúdos que publicam. Ao todo, a decisão alcança 24 pessoas e canais.

O objetivo da PF e do TSE não é tirar os conteúdos do ar, mas impedir que os bolsonaristas lucrem com desinformação e ataques à democracia. Como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo, os ganhos podem ser milionários.

O ministro apontou que as pessoas afetadas pela decisão anterior estavam também utilizando a nova plataforma. Os responsáveis pelo Gettr deverão apresentar ao TSE em 20 dias relatórios com as receitas individuais e, ainda, impedir que algoritmos recomendem conteúdos com ataques ao sistema de votação e à legitimidade das eleições no Brasil.

O Gettr foi criado em julho por Jason Miller, porta-voz do ex-presidente americano na campanha de 2016 e um dos seus conselheiros na disputa à reeleição em 2020. Entre as propostas da rede social, “rejeitar a cultura do cancelamento” e não banir usuários por suas “opiniões políticas”.

Miller é conhecido por incentivos ao discurso de ódio e pelas campanhas de fake news. Ele estava no Brasil até esta terça e, pouco antes de voar de volta aos Estados Unidos, prestou, no aeroporto de Brasília, depoimento à Polícia Federal, no âmbito do inquérito que apura o funcionamento de organizações criminosas digitais.

O norte-americano veio ao Brasil divulgar o Gettr e participar da CPAC Brasil, uma conferência da direita organizada pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Ele chegou a ser recebido pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, no Palácio da Alvorada.

Bolsonaro também abriu as portas da residência oficial a Matthew Tyrmand, um dos diretores do Project Veritas. Trata-se de uma iniciativa que busca filmar jornalistas com câmeras escondidas com o interesse de constrangê-los. Tyrmand estava no voo de Miller que foi atrasado por algumas horas para que o depoimento fosse prestado.