Desde o início de sua aventura à frente do comando da República, o presidente Bolsonaro deixou clara sua estratégia. Atacar, acusar e reagir a toda e qualquer pressão externa que puder feri-lo. Os problemas reais começaram quando o presidente passou a ameaçar a própria democracia que o elegeu. Nesse momento, a escalada raivosa do Messias tornou-se um problema institucional. Foi o estopim para alianças pouco prováveis em outro momento, como a que coloca do mesmo lado a Fiesp e o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, berço do político do ex-presidente Lula.

Essa aproximação ocorreu na quinta-feira (11) em um ato aberto no Largo São Francisco, onde fica a Faculdade de Direito da USP.  No Palácio da Alvorada essa informação bateu com força no time de campanha de reeleição do presidente. E o fez preparar, nas palavras dele, “um ato grandioso para o 7 de setembro para mostrar onde o povo está”. 

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Assessores diretos do presidente disseram que ele gostaria de centralizar as comemorações da Independência do Brasil no Rio de Janeiro, mas a pesquisa da Genial Quest divulgada ontem (11) e que mostra um empate técnico entre ele e  Lula na intenção de votos em São Paulo pode mudar o rumo  das comemorações.

A ideia de Bolsonaro é incitar o núcleo mais duro de sua base de apoio para este evento. Ano passado, foi em um 7 de setembro que Bolsonaro atacou o ministro STF, Alexandre de Moraes, e foi obrigado, dias mais tarde, a fazer uma carta de retratação a contragosto (e com auxílio do ex-presidente Michel Temer). 

A ideia inicial dos políticos mais próximos de Bolsonaro era fazer um evento mais amistoso, com o objetivo de furar a bolha para novos eleitores a aproveitar a agenda positiva da queda nos preços. Mas essa estratégia foi abandonada depois do ato pela democracia organizado em São Paulo.

O plano do “nós contra eles” voltou com tudo. Isso é ruim para a economia, porque o presidente insistirá em abalar as expectativas futuras, mas é pior ainda para a democracia.