O fraco desempenho da economia brasileira tem trazido um clima de verdadeira incerteza entre os empresários brasileiros. E não é para menos, pois essa triste sensação de profunda estagnação preocupa bastante o setor produtivo, afinal os principais termômetros econômicos do país vêm confirmando que esse temor já passou a ser uma lamentável realidade no cotidiano das grandes corporações porque não se sabe se o Brasil ainda irá crescer ou se trata de um ano perdido. Prova de todo esse contexto, o último resultado do Produto Interno Bruto (PIB) apresentou uma retração de 0,2% no primeiro trimestre, em relação aos três últimos meses de 2018.

As tais indefinições geradas pelo mau comportamento da economia acenderam o sinal de alerta entre o empresariado. O motivo é simples, porém, muito importante: a necessidade de sobrevivência das suas operações. E essa justificativa vale tanto para as pequenas quanto para as grandes empresas. Já é possível perceber que muitas delas precisam buscar ajuda porque têm sido afetadas diretamente pela fraca atividade econômica.

Por outro lado, ainda há casos em que algumas empresas estão relativamente bem, mas querem se preparar para encarar e passar por essa fase ruim sem se comprometer financeiramente. Para isso, buscam apoio e orientações de consultorias do segmento para melhorar ainda mais os seus processos ou aprimorar suas operações como uma maneira de serem eficientes em tempos de estagnação.

Diante desse contexto negativo, a apreensão em busca da sobrevivência das atividades também passou a refletir negativamente na confiança empresarial, de acordo com a Fundação Getúlio Vargas (FGV). O índice do setor (ICE) medido pelo Instituto Brasileiro de Economia da instituição (FGV Ibre) recuou 2 pontos em maio, na comparação com abril deste ano. Trata-se do menor nível apurado desde outubro de 2018. No último levantamento, o índice acumulava 91,8 pontos. Na prática, o resultado da pesquisa aponta uma tendência em que o período de lua de mel entre o mercado e o novo governo praticamente acabou. A situação pode até acarretar em um aumento do clima de incertezas.

Diante de todo esse contexto negativo, a busca de orientações especializadas por parte das companhias mostra um lado positivo da história. Destaca como as consultorias operacionais ganham cada vez mais importância dentro desse cenário hoje repleto de desafios. Afinal de contas, as consultorias do segmento se transformaram em verdadeiras aliadas em tempos de crise, pois conseguem apontar possíveis alternativas e/ou melhorias nos processos dessas corporações como uma maneira de torná-las mais eficientes operacionalmente e financeiramente, como consequência, em meio ao fraco desempenho da economia.

Em razão dessa importância, o mercado de consultoria empresarial tem se mostrado bastante promissor, devido aos bons resultados apresentados aos seus respectivos clientes. Com isso, o segmento registrou constantes expansões nos últimos anos. Considerado um dos maiores redutos do ramo no mundo, os Estados Unidos registraram um crescimento de 8,5% no setor, no ano passado, ao movimentar US$ 68,5 bilhões, segundo o Source Global Research. No Brasil, essa tendência não é diferente disso.

Apesar de ter conquistado esse grande espaço junto às empresas em época de crise econômica, boa parte do setor precisa, sobretudo, fazer uma autocrítica de suas próprias operações. A dica vale principalmente para as grandes consultorias empresariais em atividade no país, pois muitas delas não têm se comportado conforme a grandeza que as prestadoras do setor ganharam com o tempo. Afinal de contas, apenas falar e apontar o que seus clientes devem fazer de cima para baixo não condizem com essa tamanha importância adquirida junto aos setores produtivos do país.

Atualmente, muitas dessas consultorias empresariais – inclusive algumas delas originárias de outros países – simplesmente entregam aos seus assessorados uma espécie de cartilha com todas as recomendações e orientações que a empresa precisa adotar, todas diagnosticadas na consultoria. No entanto, a própria empresa fica responsável pela implementação dessas sugestões a fim de garantir a sua eficiência operacional, sem um acompanhamento direcionado da consultoria. Ou seja, a responsabilidade caso alguma medida não seja implantada de acordo recai sobre a contratante, já que a prestadora do serviço simplesmente agiu sem envolvimento e com uma postura de distanciamento.

Essa conduta, no entanto, está longe do que o setor produtivo realmente precisa agora e sempre para enfrentar as incertezas e os desafios da economia. Ao invés de simplesmente receber orientações meramente impostas de forma unilateral, as empresas merecem, no mínimo, receber um acompanhamento direcionado e muito próximo de todos nós, as consultorias empresariais, desde a identificação das necessidades operacionais, demonstração de como irá trabalhar na melhoria da eficiência do cliente e na apresentação das ferramentas necessárias para se chegar aos resultados almejados.

Além disso, as consultorias empresariais devem e têm a obrigação de se envolver diretamente no treinamento dos colaboradores das empresas contratantes, a fim de garantir uma continuidade da metodologia sugerida ao respectivo cliente. Ou seja, participar diretamente de todos os processos por meio da imersão dá uma segurança maior às empresas, que se sentem mais amparadas para enfrentar as turbulências da economia. E, com a sensação de amparo, o setor produtivo terá mais coragem na hora de encarar os desafios que surgirão pela frente. A partir dessas premissas, é como se as consultorias oferecessem suas mãos para guiar as empresas rumo à retomada do crescimento econômico num futuro próximo. Basta apoiar e acompanhar de perto o seu cliente, que sempre será grato pelo seu bom serviço.

José Soares é economista e fundador da TBRG, consultoria empresarial que se baseia no conceito operacional de orientação