Um estudo abrangendo 27 países mostrou que Uber, iFood e 99, Get Ninjas, Rappi e Uber Eats não oferecem boas condições de trabalho no Brasil. O levantamento foi feito pelo Oxford Internet Institute em parceria com WZB Berlin Social Science Centre e gerou o estudo “Fairwork Brasil 2021”.

Seguindo uma série de parâmetros, o estudo deu uma nota de 0 a 10 para os aplicativos da chamada “economia do compartilhamento”, que se torna cada vez mais uma possibilidade de renda extra. As maiores notas foram 2, para o iFood e o 99. O Uber tirou 1 e Get Ninjas, Rappi e UberEats levaram 0. 

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“As plataformas podem optar por reduzir as desigualdades e o desemprego. No entanto, a pontuação anual do Fairwork Brasil fornece evidências de que os trabalhadores por plataformas, como em muitos países do mundo, enfrentam condições de trabalho injustas e sofrem sem proteções”, disse o relatório, que pode ser lido na íntegra aqui. 

A avaliação levou em conta cinco pontos chaves: remuneração, condições, contratos justos, gestão e representação. Entre todas as plataformas, somente a 99 conseguiu demonstrar, por meio de declaração pública, que paga acima de um salário mínimo para todos os seus trabalhadores. 

Uber e 99 conseguiram assegurar, de acordo com o levantamento, que realizam ações para proteger os funcionários como a entrega de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e políticas claras de seguro contra acidentes e saúde. Somente o iFood conseguiu informar de maneira clara os padrões básicos de seu contrato com os trabalhadores, além de contar com um fórum onde possui um canal de comunicação com lideranças dos entregadores. 

Na categoria de gestão, nenhum aplicativo mostrou canais de comunicação, processos de apelação transparentes e polícias antidiscriminação.

“As plataformas digitais surgem, no Brasil, no contexto de um mercado de trabalho caracterizado por profundas desigualdades, alta precariedade e histórica informalização. Uma das questões é até que ponto as plataformas digitais de trabalho têm contribuído para agravar esse cenário”, alerta o relatório. 

No Brasil, o levantamento foi feito em parceria com a Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).