04/03/2022 - 5:10
A intensa conexão com o digital na pandemia provocou a ascensão dos aplicativos de relacionamentos. O mercado reúne 18 milhões de brasileiros, segundo o Statista, com 4,4 milhões de assinantes de planos nos apps, que devem movimentar US$ 81 milhões em 2022 no País. Globalmente, a consultoria Grand View Research estima que o setor alcançará US$ 11 bilhões em 2028. A China é nova no cenário mundial para o setor, mas já está mudando a cara do jogo. Os chineses estão cada vez mais atraídos pela promessa de criar conexões assertivas — sejam amorosas, de amizade ou de negócios — baseadas nos dados de perfil das plataformas.
Enquanto os asiáticos movimentam a dinâmica desse jogo, o mercado tem em empresas americanas seus titãs. O maior deles, o Match Group, possui 16 milhões de assinantes no mundo e cresce fortemente na Ásia. Em junho passado, o grupo comprou a empresa sul-coreana de tecnologia Hyperconnect por US$ 1,7 bilhão para começar a migrar para o Metaverso. Dona do Tinder, Par Perfeito, Divino Amor e OurTime no mercado nacional, a companhia faturou US$ 3 bilhões em 2021, lucrando US$ 850 milhões. Só o Tinder, líder entre os apps de relacionamento, teve receita de US$ 1,65 bilhão, alta de 22% em relação a 2020.
Além dos gigantes, há muitas startups nesse segmento, mas poucas conseguem decolar. O modelo de negócio gratuito é uma barreira, mas o desafio mais feroz é vencer o domínio dos conglomerados. O Tinder controla 32% do mercado dos EUA, segundo a plataforma Business of Apps, sustentando uma margem de 10 pontos percentuais à frente do seu maior rival no Ocidente — o Bumble. Com mais de 10 milhões de assinantes, a comunidade pagante do Tinder evoluiu 16% no último ano.
No Brasil, a receita média do mercado em 2021 foi de US$ 20 por assinante, uma vez que o valor das assinaturas nos apps flutua com o câmbio do dólar. Rodrigo Fontes, diretor do Tinder na América Latina, reforça a importância estratégica do País, líder da região, onde a marca pretende reforçar presença em 2022. “Investimos em iniciativas e produtos para a cultura brasileira, como o tema de Carnaval, e estamos expandindo as parcerias locais.”
Já o Bumble aposta no diferencial de que apenas as mulheres podem iniciar conversas no app — em conexões heterossexuais. Listada na Nasdaq, a empresa saltou de US$ 3 bilhões para US$ 13 bilhões em valor de mercado nos últimos dois anos. E 2021 foi um ano fundamental para consolidar seu crescimento. Depois do IPO, até o final do terceiro trimestre a base de assinantes somava 3 milhões de usuários, 140% a mais que no fim de 2020.
Na América Latina, a comunidade de pagantes dobrou. “As pessoas passaram a enxergar a plataforma como um espaço seguro para se conhecer”, disse Javier Tuiran, responsável pela operação regional do Bumble. Com o avanço da vacinação no País, o app firmou parcerias como a da rede Canopy by Hilton, em São Paulo, na qual os casais conectados pela plataforma ganhavam descontos. Para 2022, a diretriz é conquistar ainda mais os corações latinos.
AMOR NO METAVERSO No app Par Perfeito, do Match Group, o volume de ingressantes já é o dobro do registrado antes da pandemia, com média de 350 mil novos usuários por mês. A marca foca em pessoas que buscam relacionamentos duradouros e tem um público predominantemente acima dos 35 anos, mas os últimos anos rejuvenesceram essa comunidade. “Acreditamos que os anúncios no TikTok e Kwai tenham atraído usuários mais jovens”, disse a líder da operação na América Latina, Eugenia del Vigna. O grupo entre 25 e 34 anos cresceu 14% em 2021 ante 2020.
De olho no público jovem, o setor aposta no Metaverso como sua próxima fronteira. Graças ao apelo do produto a nativos digitais, quase todas as empresas do setor desejam se conectar com a geração Z (nascidos a partir de 1995) com esse movimento. Rodrigo Fontes, diretor do Tinder, disse que a inovação do comportamento deste público no namoro “tornou os últimos dois anos os mais movimentados da nossa história”.