A intensa conexão com o digital na pandemia provocou a ascensão dos aplicativos de relacionamentos. O mercado reúne 18 milhões de brasileiros, segundo o Statista, com 4,4 milhões de assinantes de planos nos apps, que devem movimentar US$ 81 milhões em 2022 no País. Globalmente, a consultoria Grand View Research estima que o setor alcançará US$ 11 bilhões em 2028. A China é nova no cenário mundial para o setor, mas já está mudando a cara do jogo. Os chineses estão cada vez mais atraídos pela promessa de criar conexões assertivas — sejam amorosas, de amizade ou de negócios — baseadas nos dados de perfil das plataformas.

Enquanto os asiáticos movimentam a dinâmica desse jogo, o mercado tem em empresas americanas seus titãs. O maior deles, o Match Group, possui 16 milhões de assinantes no mundo e cresce fortemente na Ásia. Em junho passado, o grupo comprou a empresa sul-coreana de tecnologia Hyperconnect por US$ 1,7 bilhão para começar a migrar para o Metaverso. Dona do Tinder, Par Perfeito, Divino Amor e OurTime no mercado nacional, a companhia faturou US$ 3 bilhões em 2021, lucrando US$ 850 milhões. Só o Tinder, líder entre os apps de relacionamento, teve receita de US$ 1,65 bilhão, alta de 22% em relação a 2020.

MOTIVO BRASILEIRO Tanto Tinder quanto Bumble apostam em crescer por meio de parcerias locais. Os apps ainda criam temas inspirados na cultura do País para se fortalecer.

Além dos gigantes, há muitas startups nesse segmento, mas poucas conseguem decolar. O modelo de negócio gratuito é uma barreira, mas o desafio mais feroz é vencer o domínio dos conglomerados. O Tinder controla 32% do mercado dos EUA, segundo a plataforma Business of Apps, sustentando uma margem de 10 pontos percentuais à frente do seu maior rival no Ocidente — o Bumble. Com mais de 10 milhões de assinantes, a comunidade pagante do Tinder evoluiu 16% no último ano.

No Brasil, a receita média do mercado em 2021 foi de US$ 20 por assinante, uma vez que o valor das assinaturas nos apps flutua com o câmbio do dólar. Rodrigo Fontes, diretor do Tinder na América Latina, reforça a importância estratégica do País, líder da região, onde a marca pretende reforçar presença em 2022. “Investimos em iniciativas e produtos para a cultura brasileira, como o tema de Carnaval, e estamos expandindo as parcerias locais.”

Já o Bumble aposta no diferencial de que apenas as mulheres podem iniciar conversas no app — em conexões heterossexuais. Listada na Nasdaq, a empresa saltou de US$ 3 bilhões para US$ 13 bilhões em valor de mercado nos últimos dois anos. E 2021 foi um ano fundamental para consolidar seu crescimento. Depois do IPO, até o final do terceiro trimestre a base de assinantes somava 3 milhões de usuários, 140% a mais que no fim de 2020.

Na América Latina, a comunidade de pagantes dobrou. “As pessoas passaram a enxergar a plataforma como um espaço seguro para se conhecer”, disse Javier Tuiran, responsável pela operação regional do Bumble. Com o avanço da vacinação no País, o app firmou parcerias como a da rede Canopy by Hilton, em São Paulo, na qual os casais conectados pela plataforma ganhavam descontos. Para 2022, a diretriz é conquistar ainda mais os corações latinos.

AMOR NO METAVERSO No app Par Perfeito, do Match Group, o volume de ingressantes já é o dobro do registrado antes da pandemia, com média de 350 mil novos usuários por mês. A marca foca em pessoas que buscam relacionamentos duradouros e tem um público predominantemente acima dos 35 anos, mas os últimos anos rejuvenesceram essa comunidade. “Acreditamos que os anúncios no TikTok e Kwai tenham atraído usuários mais jovens”, disse a líder da operação na América Latina, Eugenia del Vigna. O grupo entre 25 e 34 anos cresceu 14% em 2021 ante 2020.

APELO JOVEM No Par Perfeito, o grupo de usuários entre 25 e 34 anos cresceu 14% em 2021. Eugenia del Vigna (abaixo), executiva da plataforma, credita o fenômeno às campanhas nas redes sociais. (Crédito:Divulgação)

De olho no público jovem, o setor aposta no Metaverso como sua próxima fronteira. Graças ao apelo do produto a nativos digitais, quase todas as empresas do setor desejam se conectar com a geração Z (nascidos a partir de 1995) com esse movimento. Rodrigo Fontes, diretor do Tinder, disse que a inovação do comportamento deste público no namoro “tornou os últimos dois anos os mais movimentados da nossa história”.