O presidente do Bradesco, Octávio de Lazari, afirmou que o banco não contou com uma “bala de prata” para entregar os resultados em 2018 ao analisar o quase primeiro ano de sua gestão. “Soubemos extrair resultados fundamentais. Não teve bala de prata. Todas as linhas, de crédito, do banco de atacado, de alta renda, ajudaram. Soubemos aproveitar bem as oportunidades no quase primeiro ano da nossa gestão”, disse ele, em almoço com a imprensa, nesta tarde de sexta-feira, 14.

De acordo com Lazari, o ano de 2018 foi difícil com o cenário político, uma eleição polarizada e a greve dos caminhoneiros. “Se um estrangeiro entrasse aqui em janeiro e voltasse em dezembro, encontraria um País tranquilo. Jamais imaginaria que o dólar passou dos R$ 4,20”, exemplificou o presidente do Bradesco.

Disse ainda que, apesar de um “ano difícil”, o Bradesco vai chegar ao fim do ano entregando o que propôs em termos de balanço. Sobre a rentabilidade (ROE, na sigla em inglês) do banco, ele disse que espera que o ano de 2019 seja um ponto de partida para melhora do indicador e não de chegada. Acrescentou ainda que os modelos de crédito sinalizam a melhora da inadimplência no próximo exercício.

Do lado da seguradora, o presidente do banco disse que, apesar de a companhia não estar cumprindo seu guidance de prêmios de seguros, conseguiu ajustar seu índice de sinistralidade, que impacta em termos de resultado.

Cielo

Lazari afirmou ainda que não “faz sentido” fechar o capital da empresa de cartões Cielo, mesmo quando se leva em conta que está compensando comprar ações da companhia. “A Cielo tem valor que não está bem precificado”, disse ele.

A Cielo tem de repensar seu modelo de negócios para se tornar ainda mais competitiva, disse o vice-presidente do Bradesco, Marcelo Noronha. “A competição vai aumentar no mercado, as margens estão diminuindo”, disse ele também negando planos de fechar o capital da empresa, que é “core” nos negócios do banco. “Não estamos debatendo o fechamento de capital da Cielo. O assunto não está na mesa.”

“A Cielo é importante na nossa cadeira de valor”, disse Lazari. “A nossa expectativa com a Cielo é a melhor possível”, afirmou o presidente do Bradesco, ressaltando que o cenário de concorrência mudou para a Cielo, por isso a necessidade de repensar a companhia.

Perguntado sobre a fatia da Caixa na Cielo, Noronha ressaltou que a participação é minoritária e o banco público não influencia a gestão ou mudanças estruturais da empresa.

Reforma da Previdência

O presidente do Conselho do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, afirmou no evento do banco com a imprensa que se não for possível o governo de Jair Bolsonaro aprovar a reforma da Previdência necessária, que consiga aprovar a possível.

“Mais que otimistas, estamos esperançosos com 2019”, disse Trabuco, ressaltando que espera avanço também na reforma do Estado. O executivo destacou que o regime de Previdência por repartição está em crise em alguns países do mundo, por isso a necessidade de reforma.

Caixa e BB

A avaliação de Lazari é que é difícil a Caixa e o Banco do Brasil serem privatizados neste momento, pois o governo terá outras prioridades. O executivo ressaltou que os dois bancos públicos têm cerca de 50% do mercado de crédito e os bancos privados querem ter participação maior nesse mercado.

Crédito

Noronha afirmou que o mercado espera crescimento de 10% no crédito a empresas no próximo ano em meio à retomada da economia brasileira. Tanto as linhas de empréstimos, como, por exemplo, de trade finance, como no mercado de capitais, com emissões de dívida e de renda variável, tendem a apresentar melhores desempenhos no próximo ano.

“O crédito corporativo ainda não voltou, mas vai retomar em 2019”, reforçou a diretora do Bradesco, Denise Pavarina.

A expectativa positiva do banco vale tanto para as carteiras de crédito da pessoa jurídica como da pessoa física, segundo o vice-presidente da instituição, Eurico Fabri. “Vamos crescer, principalmente, nos carros-chefes de cada carteira como imobiliário, consignado (com desconto em folha de pagamentos), que continuou crescendo até mesmo na crise”, acrescentou ele.

Lazari informou ainda que 35% das operações de crédito pessoal do banco já são feitas por celular, ressaltando o potencial do canal para várias linhas de negócios e não só empréstimos, como em seguros e outros.