O Ibovespa encadeou a segunda sessão de retomada, chegando a testar e superar a marca de 79 mil pontos no melhor momento do dia. Depois das 15h, o principal índice da B3 perdeu parte do dinamismo, assim como Nova York, com o petróleo mudando de sinal e acentuando perdas. A virada do petróleo contribuiu para reduzir o vigor dos ativos de risco, após estimativa de maior queda na demanda pela commodity em 30 anos, divulgada pela Administração de Informação de Energia dos EUA.

Ao final, o Ibovespa mostrava ganho de 3,08% nesta terça-feira, aos 76.358,09 pontos, tendo oscilado entre mínima de 74.078,01 e máxima de 79.855,48, uma amplitude de quase 5,8 mil pontos na sessão. A linha de 79 mil pontos é considerada por parcela dos analistas técnicos como relevante para que se fortaleça o viés de alta. Sem conseguir sustentá-la, o nível de encerramento de hoje é ainda o melhor desde 26 de março, quando o Ibovespa foi a 77.709,66 pontos.

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O giro financeiro – o mais elevado deste início de abril – totalizou R$ 26,7 bilhões e, nas duas primeiras sessões da semana, o índice acumula ganho de 9,81% e de 4,57% no mês, cedendo 33,97% no ano. Entre as blue chips, assim como ontem as ações de bancos estiveram entre os destaques do dia, com ganhos na faixa de 3,5% (Santander) a 5,5% (Bradesco ON), bem como Petrobras (PN +3,99% e ON +2,54%), apesar do desempenho negativo da commodity, com o Brent para junho em baixa de 3,57% no fechamento da ICE, a US$ 31,87 por barril. Outra blue chip, Vale ON, subiu 1,51%. Na ponta do Ibovespa, Yduqs avançou 19,32%, BR Distribuidora, 14,97%, Hapvida, 12,33%, e CVC, 12,29% No lado oposto, Suzano caiu 7,07%, JBS, 5,88%, e Rumo, 5,54%.

“Estava faltando comprador grande e algo positivo aconteceu, ontem como hoje: JP Morgan e Morgan Stanley comprando, pode ser até que para domésticos”, diz um operador, chamando atenção também para o próximo dia 15, com o vencimento do Ibovespa futuro e de opções sobre o índice, o que pode estar influenciando o ajuste positivo observado no mercado à vista nessas últimas sessões. “Pode estar aparecendo também alguma oportunidade de arbitragem para o estrangeiro”, acrescenta o operador. “Este ano o mercado será dominado pela volatilidade, e haverá oportunidades nisso, para entrar e sair. Imagina quando os resultados das empresas e das economias começarem a chegar”, acrescenta a fonte.

Após um avanço superior a 7% no dia anterior, os três índices de Nova York neutralizaram os ganhos na etapa final da sessão de hoje, em meio à evolução do Covid-19 nos Estados Unidos. No encerramento desta terça-feira, Dow Jones (-0,22%), S&P 500 (-0,16%) e Nasdaq (-0,33%) estavam em terreno negativo. Aqui, o sinal vinha se mantendo correlacionado ao de fora nas últimas semanas, com os investidores prestando muita atenção aos desdobramentos em torno do coronavírus no exterior, até mais do que ao noticiário local.

“A Alemanha já registra mais casos de recuperação do que de contaminação, a Coreia do Sul informou que teve menos de 50 casos de infecção pelo segundo dia seguido, a China não registrou novos mortos e na Itália já se começa a falar de relaxamento da quarentena para locais públicos a partir de 4 de maio”, aponta Thiago Salomão, analista da Rico Investimentos.

Assim, os sinais de desaceleração do coronavírus na Europa prevalecem sobre o fato de que o pico da doença ainda não chegou aqui e as medidas de apoio à economia e à população vagarosamente se encaminham à ponta. Há a sensação, contudo, de que medidas preventivas adotadas na Saúde tendem a achatar a curva e evitar o pior cenário, de extrema sobrecarga hospitalar, visto no exterior. A permanência do ministro Luiz Henrique Mandetta à frente da ação do governo também foi recebida com alívio, apesar da diretriz de afrouxamento do distanciamento social em localidades onde não há pressão no sistema hospitalar no momento.