O Ibovespa tentou engatar a quinta alta consecutiva na abertura desta segunda-feira, mas o sinal de baixa das bolsas em Nova York nesta manhã, em meio a temores sobre uma possível nova onda de covid-19, preocupa. Neste sentido, a percepção de que a retomada em alguns países, sobretudo nos Estados Unidos e que tende a reforçar a estimativa de investidores de esse sinal de recuperação também respingará pelo mundo, fica em segundo plano. Além disso, o mercado segue atento aos desdobramentos no noticiário político domestico, que tem como pano de fundo a prisão de Fabrício Queiroz, policial militar aposentado e ex-assessor de Flavio Bolsonaro, na semana passada. Aliás, o advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef, declarou ontem que resolveu deixar de defender de Flavio, no esquema de “rachadinha”.

Wassef é proprietário da casa onde Queiroz foi preso. Primeiro negou que soubesse que Queiroz estava na casa dele e disse ser “mentira” que ele residisse em sua casa.

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Tanto no Brasil quanto no exterior, Adriano Cantreva, sócio da gestora de recursos Portofino, que fica no escritório em Nova York, observa que há muitas informações conflitantes, deixando muitas vezes o investidor sem saber qual direção seguir. “A pandemia de coronavírus é uma variável nova, porém, como os EUA têm papel preponderante na economia mundial e o que eles fazem os outros países seguem ou ao menos sentem os efeitos, isso pode prevalecer”, observa.

Como os mercados subiram muito recentemente, destaca o gestor, algum ajuste não pode ser descartado. “Pode ser um dia de ajustes, os mercados subiram muito, o que seria natural”, cita.

Após atingir a máxima aos 96.870,44 pontos, em elevação de 0,31%, passou a mostrar instabilidade.

Às 11h51, o Ibovespa caía 0,43%, aos 96.160,02 pontos.

Mesmo que em meio a muita volatilidade, o quadro de juro baixo e de liquidez abundante nos mercados provida pelos principais bancos centrais, especialmente pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), devem contribuir para o processo econômico mundial, avalia Cantreva. Segundo ele, a despeito da imagem do Brasil ser ruim no exterior, o “mercado não guarda mágoa, está buscando oportunidade”, e o País, especialmente a Bolsa oferece isso.

De acordo com o economista-chefe do ModalMais, Álvaro Bandeira, seria importante o Ibovespa voltar aos 98 mil pontos, 99 mil pontos para tentar um “topo duplo”, termo usado na análise técnica.

Na sexta-feira, atingiu a máxima aos 97.540,33 pontos, mas fechou aos 96.572,10 pontos, em alta de 0,46%. “Hoje, deve abrir em alta, mas o exterior está sem direção, dividido entre a possibilidade de uma nova onda de covid-19 e retomada da economia mundial”, diz, acrescentando que isso também pode afetar internamente nesta semana de agenda de indicadores considerada forte.