A inflação de 2017 foi marcada pelo reajuste de itens monitorados pelo governo. Na lista das dez maiores pressões, sete eram itens chamados administrados, segundo os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2017, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Apenas dez itens responderam por 87% do IPCA de 2017. Esses mesmos itens tinham respondido por 32% do IPCA no ano anterior. Apenas três deles em 2017 não são itens monitorados”, apontou Fernando Gonçalves, gerente na Coordenação de Índices de Preços do IBGE.

A alta de 13,53% no plano de saúde exerceu a maior pressão o IPCA de 2017, uma contribuição de 0,48 ponto porcentual para a taxa de 2,95% acumulada no ano. Em segundo lugar figurou a gasolina, com aumento de 10,32% e impacto de 0,41 ponto porcentual, seguida pela energia elétrica, 10,35% mais cara, o equivalente a um impacto de 0,35 ponto porcentual.

Não por acaso o IPCA de 2017 foi puxado pelos grupos Habitação (com alta de 6,26% e impacto de 0,95 ponto porcentual), Saúde e Cuidados Pessoais (com alta de 6,52% e impacto de 0,76 ponto porcentual) e Transportes (com alta de 4,10% e impacto de 0,74 ponto porcentual). Juntos, os três grupos representaram 2,45 ponto porcentual do IPCA, ou 83% da inflação do ano. O resultado só não foi mais elevado porque o grupo Alimentação e Bebidas caiu 1,87%, com uma contribuição negativa de 0,48 ponto porcentual em 2017.

No grupo Saúde e Cuidados Pessoais, a pressão foi dos planos de saúde, mas também dos remédios (4,44%). Os dois itens têm peso importante no orçamento do consumidor, 3,88% e 3,47%, respectivamente. A Agência Nacional de Saúde (ANS) concedeu, em 2017, reajuste de até 13,55% para os planos de saúde. Nos remédios, o reajuste máximo autorizado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) foi de 4,76%.

Nos Transportes, os destaques, além a gasolina, foram ônibus intermunicipal (6,84%), emplacamento e licença (4,29%), ônibus urbano (4,04%), conserto de automóvel (2,66%).

Em vigor desde 3 de julho de 2017, a nova política de preços da Petrobras – que permite à área técnica da companhia reajustar os preços dos combustíveis nas refinarias para acompanhar a taxa de câmbio e as cotações internacionais de petróleo e derivados – pressionou os preços dos combustíveis no varejo.

De 3 de julho a 28 de dezembro, quando encerrou a coleta do IPCA do último mês, foram concedidos 115 reajustes nos preços da gasolina, acumulando um total de 25,49% de aumento. Em julho, houve ainda reajuste na alíquota do PIS/Cofins dos combustíveis. Na gasolina, a alíquota passou de R$ 0,3816 para R$ 0,7925 por litro.

Os demais grupos com aumentos no ano foram Educação (7,11%), com destaque para os cursos regulares (8,37%); Despesas Pessoais (4,39%), com influência do item empregado doméstico (6,47%); Vestuário (2,88%), impactado por calçados (4,01%); e Comunicação (1,76%), com alta de 6,04% no telefone celular.

Por outro lado, os Artigos de Residência (-1,48%) contribuíram para conter a inflação do ano, com reduções em TV, som e informática (-6,50%) e eletrodomésticos (-2,65%).