O feriado de 7 de Setembro, que por muitos anos foi de movimentação intensa de manifestantes em Aparecida, no Vale do Paraíba, hoje contou com pouco mais de 300 pessoas para acompanhar o Grito dos Excluídos e a Romaria dos Trabalhadores no pátio do Santuário Nacional de Aparecida. A ausência de políticos, que em outras eleições se aproveitaram da grande concentração de pessoas para divulgar suas ideias e pedir votos, também pode ser notada.

Com a campanha apartidária adotada pelo Santuário Nacional neste ano de eleições, intitulada “Eu sou o Brasil ético”, as celebrações sempre concorridas pelos candidatos não têm anunciado a presença dos políticos. A reportagem acompanhou a missa solene e não encontrou qualquer candidato em meio ao povo ou na área reservada a autoridades.

Ao abrir o sermão, dom José Reginaldo Andrietta, da Diocese de Jales (SP), avaliou o cenário do pleito. “Indefinido e imprevisível, como talvez nunca tenha acontecido na história do nosso País, é de se perguntar: qual seria a atitude política correta?”. Também criticou e contextualizou a prática ilegal da compra de votos, orientando aos católicos para saibam identificar a situação.

Antes da celebração, aproximadamente 300 pessoas participaram das manifestações no pátio do Santuário, com as mesmas placas e faixas de anos anteriores. A exceção foi quando um dos presentes ao palco, trajando boné preto com uma estrela vermelha, foi flagrado entregando um cartaz com os dizeres “Lula Livre” a uma manifestante.

“Estamos lutando pela justiça. O Grito dos Excluídos é exatamente para lutar para que os direitos humanos sejam reconhecidos, e o Lula é o símbolo disso, alguém que lutou a vida inteira para um Brasil melhor”, justificou a advogada Ana Maria Vicente Soares, de Barra Mansa (RJ), que recebeu o cartaz e o emprestou para que pelo menos dez pessoas ao seu redor posassem para fotos, que ela registrava com o celular, acompanhada de outra colega também com um adesivo ao peito em apoio ao ex-presidente preso na operação Lava Jato. Depois de ser abordada pela reportagem, a militante petista encerrou a sessão de fotos e empunhou o cartaz até o fim da manifestação.

A organização do movimento não comentou o caso, mas ainda no palco incentivou populares a dizerem quais seriam seus gritos. Quando uma mulher gritou ao microfone “Lula Livre”, parte das pessoas aplaudiu, enquanto outras faziam vaia.

Outra petista que também pedia a libertação do ex-presidente foi a assistente social de 72 anos Luzimar Moreno, que veio de Goiás com camiseta vermelha e uma faixa com a mesma expressão. “A iniciativa é minha mesma, porque é uma injustiça com o Lula”, justificou.

No dia 20 de setembro, a Igreja Católica promoverá, por meio da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em Aparecida, um debate com os presidenciáveis, a ser transmitido por emissoras de rádio e televisão de inspiração católica de todo o País.

O projeto “Eu sou o Brasil Ético”, segundo o reitor do Santuário Nacional, padre João Batista Almeida, busca “estimular os brasileiros a pensarem mais criticamente nas ações que praticam enquanto cidadãos e nas escolhas que farão este ano”.