Ao menos uma pessoa morreu baleada e seis ficaram feridas nesta quinta-feira (8) no Benin quando o exército atuou para dispersar os manifestantes que protestavam pela ausência da oposição nas eleições presidenciais de domingo.

“Recebemos um caso de morte por tiros e seis pessoas baleadas”, disse à AFP José Godjo, diretor da clínica Boni na cidade de Savè, no centro de Benin.

Os soldados compareceram durante a manhã a Savè para dispersar as barricadas erguidas desde segunda-feira pelos manifestantes na rodovia principal.

Segundo as testemunhas, os militares “atiraram para cima” para dispersar os manifestantes, antes de liberar a estrada.

Desde o início da semana, várias manifestações afetaram o norte e o centro de Benin, onde a principal rodovia para a capital econômica Cotonu foi bloqueada por eleitores indignados com a ausência da oposição nas eleições presidenciais.

A reeleição de Patrice Talon, ex-magnata do petróleo que chegou ao poder em 2016 e que governa com mão de ferro, parece garantida.

Seus adversários são dois candidatos praticamente desconhecidos, os ex-deputados Alassane Soumanou e Corentin Kohoué.

Os opositores beninenses, que não foram autorizados a concorrer, chamam esses dois candidatos de “candidatos fantasma”.

“É a primeira vez, desde o retorno do bipartidarismo em 1990, que se organiza uma eleição presidencial como esta: pluralista na aparência, mas sem eleição na realidade”, explica à AFP o cientista político do Benin, Expédit Ologou.

As grandes figuras da oposição estão exiladas ou inelegíveis. A Comissão Eleitoral rejeitou outras candidaturas porque não possuem o número suficiente de patrocinadores (154 dos 159 deputados beninenses pertencem ao movimento presidencial).

– País dividido –

Uma líder da oposição foi presa em março acusada de tentar assassinar políticos.

Há alguns dias, um juiz de um tribunal especial contra a corrupção fugiu do país, alegando ter sido pressionado pelo governo a acusar os opositores.

As autoridades, por sua vez, denunciam uma “manipulação política” e afirmam que as pessoas no exterior tentam anular a eleição e inclusive defendem um golpe de Estado.

“Em 11 de abril ninguém sabe o que pode acontecer. Nessa altura, não sabemos se a parte norte do país poderá até mesmo votar”, alerta Olougou.

No sul do país, por outro lado, a campanha política acontece com normalidade.

No Benin, 38% da população vive abaixo do limite da pobreza.