Após o anúncio da aprovação da vacina da Pfizer, Comirnaty, contra a covid-19, para crianças de 5 a 11 anos, na quinta-feira (16), funcionários da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) passaram a receber ameaças. No domingo (19), o presidente do órgão regulador, Antonio Barra Torres, denunciou as intimidações recebidas. Nesta segunda-feira (20), novas ameaças chegaram aos servidores do órgão regulador.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) fez críticas a Anvisa devido à decisão da autorização da vacinação contra covid-19 em crianças de 5 a 11 anos, ontem (19). Bolsonaro fez questionamentos, sem dados concretos, sobre os supostos efeitos adversos do imunizante. O presidente já havia questionado a vacina na quinta-feira (16).

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“Criança é uma coisa muito séria. Não se sabe os possíveis efeitos adversos futuros. É inacreditável, desculpa aqui, o que a Anvisa fez. Inacreditável”, disse Bolsonaro em entrevista a VTV, afiliada do SBT, durante uma passagem pela Praia Grande, em São Paulo, no domingo.

Vale ressaltar que a vacina elaborada pela Pfizer tem dosagem e composição diferentes das usadas em pessoas maiores de 12 anos. Além disso, a Anvisa contou com especialistas externos e fez um estudo com 2.250 crianças, que foram divididas em dois grupos. O primeiro tomou vacina e o outro tomou placebo, em duas doses intervaladas de 21 dias. Os benefícios do imunizante superaram os riscos, segundo a pesquisa, o que demonstrou que a vacina é segura e eficaz.

Após o anúncio de novas ameaças, divulgado ontem (19), pelo presidente da Anvisa, Antonio Torres, o procurador-geral da República, Augusto Aras, determinou “adoção de providências” para “assegurar a proteção” dos dirigentes da Anvisa. Entretanto não existem detalhes das providências até o momento.

Na última quinta-feira, após o anúncio da Anvisa sobre as vacinas, Bolsonaro solicitou extraoficialmente o nome dos responsáveis pela aprovação das vacinas contra covid-19 em crianças de 5 a 11 anos. Servidores da Anvisa responderam com um vídeo, em que vários técnicos confirmam participação na aprovação do imunizante.