A pressão política para aprovação de vacina contra a covid-19 tem sido motivo de descontentamento entre os técnicos da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). No meio da polêmica está a vacina russa Sputnik V, que aqui no Brasil é representada pela União Química.

A empresa escalou o ex-deputado federal pelo PSD e ex-governador do DF Rogério Rosso para a interlocução com deputados, senadores e com o governo da Bahia, que assinou um memorando de entendimento com os russos ainda em agosto.

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Além disso, conforme a Folha de S.Paulo, Rosso também tem contato frequente com o líder do governo Bolsonaro na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), o parlamentar tem pressionado a agência a flexibilizar as regras para liberação de vacinas emergenciais. Chegou a dizer que irá “enquadrar” o órgão regulador devido à “falta de percepção sobre o momento de emergência”.

Um gesto concreto de Barros foi protocolar na Mesa Diretora da Câmara, na quarta-feira (3), um projeto de decreto legislativo com a proposta de anular a exigência da fase 3 de testes em humanos, feita até então para a liberação de uso emergencial.

O presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, rebateu as declarações e disse que a acusação “não se sustenta”. Nesta quarta-feira (3), a agência reguladora decidiu liberar a exigência de fase 3 no Brasil para a liberação da autorização emergencial, o que facilita a entrada da Sputnik V no Brasil.

No entanto, a empresa tem que ter feito testes da fase 3 em outros países e apresentar toda a documentação para que a agência reguladora possa analisar os dados.