Em 48 horas o Facebook fez dois anúncios importantes para melhorar sua imagem justamente onde as multas tendem a ser mais pesadas: o território europeu. Na segunda-feira, a empresa divulgou ferramentas para reprimir a interferência política nas eleições de 2019 – a mais importante delas irá compor o novo Parlamento Europeu, em maio. Serão eleitos 705 deputados para o mandato 2019-2024. A partir do final de março, os anúncios políticos na plataforma terão a identificação de “pago por”, que vinculará a um banco de dados público mostrando quem financiou o anúncio, como foi pago e quem visualizou (por idade, sexo e local). As informações serão armazenadas por sete anos. Para Nick Clegg (foto acima), ex-vice-primeiro-ministro britânico que se tornou há três meses vice-presidente do Facebook para Assuntos Globais e Comunicação, “essas ferramentas vão cobrir não apenas anúncios eleitorais, mas também tópicos altamente politizados como imigração”, disse em reportagem da Deutsche Welle. Mas, em Bruxelas, capital da UE, a companhia continua sob cerco.

A comissária europeia de Justiça, Consumidores e Igualdade de Gênero, a tcheca Vera Jourova (foto ao lado), disse que é preciso fazer mais. “Espero que o Facebook ajude a resolver os problemas que ele ajudou a criar.” No dia anterior, no domingo, a empresa havia anunciado a criação de um Centro de Pesquisa de Ética independente para inteligência artificial (IA), numa parceria com a Universidade Técnica de Munique (TUM). A companhia disse que fará um aporte inicial de US$ 7,5 milhões ao longo de cinco anos. O tema promete. O AI Now, centro ligado à Universidade de Nova York, diz que a inteligência artificial é a nova fronteira da desigualdade. Seu relatório anual afirma que “os escândalos de 2018 mostram que a lacuna entre aqueles que se desenvolvem e lucram com IA e aqueles que têm maior probabilidade de sofrer as consequências de seus efeitos negativos está crescendo”.

(Nota publicada na Edição 1106 da Revista Dinheiro)