Oito antibióticos são menos eficazes nas tartarugas gigantes que dão nome ao arquipélago de Galápagos, no Pacífico do Equador, por causa da presença de humanos, informou nesta segunda-feira (28) a Fundação Charles Darwin (FCD), que trabalha pela conservação das ilhas.

A fundação apontou que uma investigação demonstrou que os quelônios que compartilham seu habitat com as pessoas, seja em áreas agrícolas, urbanas e turísticas, apresentam um maior número de bactérias resistentes a antibióticos de uso humano e veterinário.

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“As tartarugas que vivem em áreas remotas e sem interação com seres humanos, como o vulcão Alcedo, na Ilha Isabela, têm menos resistência”, acrescentou a ONG em nota.

Ela indicou que cientistas de várias instituições, como universidades da Espanha, o Zoológico de Saint Louis e o Parque Nacional de Galápagos, chegaram a essa conclusão após analisar amostras fecais de 270 tartarugas gigantes de Alcedo e da Ilha de Santa Cruz, a mais povoada do arquipélago.

“A resistência aos antibióticos está se espalhando pelo mundo, causando uma pandemia invisível que compromete a saúde e o tratamento de doenças humanas e animais”, explica Ainoa Nieto Claudín, pesquisadora da FCD e do Instituto de Medicina do Zoológico de Saint Louis.

Ela acrescentou que a pandemia de covid-19 “aumentou o uso de antibióticos e, consequentemente, o surgimento de bactérias resistentes em todo o mundo”.

“A coexistência próxima entre animais e humanos cria o cenário perfeito para que bactérias resistentes entrem em contato com espécies selvagens e contaminem seu habitat, perpetuando o ciclo de transmissão de resistência”, ressaltou.

A FCD especificou que de acordo com o estudo, publicado na revista Environmental Pollution, os valores de resistência encontrados são “ainda baixos”, o que sugere que “ainda estamos perante uma situação que pode ser reversível” se o uso de antibióticos for regulamentado e reduzido em Galápagos.

Nas ilhas equatorianas, situadas a 1.000 km da costa, ainda existem doze espécies de tartarugas gigantes, das quais cinco vivem na Ilha Isabela.

Além disso, três espécies que habitavam as ilhas Santa Fé, Floreana e Pinta desapareceram.