A ansiedade provocada pelo avanço da pandemia do novo coronavírus voltou a abalar com força nesta quarta-feira os mercados, com perdas expressivas nas Bolsas da Europa, da Ásia e em Wall Street, após um início de semana positivo.

Os mercados são afetados pela aceleração letal do vírus nos Estados Unidos, que superou a barreira de 4.000 mortos e agora tem mais vítimas que a China. O presidente Donald Trump pediu à população que se prepare para semanas “muito, muito dolorosas”.

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Durante as primeiras negociações, Paris perdia 4,22%, Frankfurt 3,87% e Londres 4,43%. Milão recuava 2,05% e Madri 3,13%.

Mais cedo, a Bolsa de Tóquio encerrou a sessão em baixa expressiva de 4,5%, com os operadores preocupados com um possível confinamento da população na capital japonesa, além da situação econômica.

“As Bolsas ao redor do mundo fecharam um trimestre horrível, um dos piores da história, e a passagem para o segundo trimestre deve ser muito delicada após as declarações sombrias de Trump sobre a situação nas próximas duas semanas nos Estados Unidos”, resumiu Tangi Le Liboux, analista da corretora Aurel BGC.

Trump, que chegou a manifestar a expectativa do retorno das atividades até a Páscoa, disse que provavelmente será necessário esperar um ou dois meses.

Na terça-feira, o índice Dow Jones Industrial Average de Wall Street fechou em queda de 1,84% e encerrou seu pior trimestre desde 1987 (perda acumulada de 23%).

As cotações do petróleo, que registraram um pequeno alívio na terça-feira, também voltaram a cair, afetadas pelo impacto da pandemia, que reduz a demanda mundial, e pela guerra de preços entre Arábia Saudita e Rússia.

O mercado da dívida permanece relativamente calmo, como nos últimos dias, em grande medida irrigado pela generosidade dos bancos centrais.

O euro mantém a trajetória de desvalorização em relação ao dólar.

Os indicadores do dia devem agravar ainda mais o cenário.

Para a indústria automobilística, a queda histórica de mais de 70% do mercado francês e o derretimento das vendas no Japão já marcavam o tom.

Nas próximas horas, o mercado deve acompanhar com atenção os números da criação de empregos no setor privado nos Estados Unidos em março (pesquisa ADP).

Christopher Dembik, diretor de pesquisas econômicas do Saxo Bank, antecipa que os números devem confirmar que “a destruição de postos de trabalho atingiu um nível sem precedentes devido à crise”.

Ele acredita que os investidores terão que administrar por várias semanas com um ambiente ruim no mercado e a prorrogação das medidas de confinamento.