A ONG Anistia Internacional denunciou nesta terça-feira os castigos coletivos impostos no Iraque a mulheres e crianças com supostos vínculos com jihadistas do grupo Estado Islâmico (EI).

No relatório intitulado “Os condenados: mulheres e crianças isoladas, bloqueadas e exploradas no Iraque”, a organização de defesa dos direitos humanos revela a situação destas pessoas em oito campos de refugiados.

“Milhares de mulheres e crianças suspeitas de vínculos com o EI são condenadas [nestes campos] por crimes que não cometeram”, afirma a ONG.

São punidos por estarem relacionados, “mesmo que de forma distante, com homens envolvidos em qualquer nível com o EI ou por terem escapado de regiões consideradas bastiões deste grupo”.

Segundo a Anistia, estas mulheres e crianças não têm acesso a alimentos, água ou assistência médica, e são impedidas “de obter os documentos oficiais necessários para trabalhar e transitar”.

Também estão “proibidos de voltar a suas casas, e as mulheres são alvo de assédio sexual, estupros e exploração sexual”.

Nos oito campos visitados, a Anistia afirma que as “mulheres são obrigadas ou pressionadas a manter relações sexuais em troca de dinheiro, ajuda humanitária ou proteção”.

“As mulheres sofrem um tratamento desumano e discriminatório por parte dos homens armados presentes nos campos. Os que deveriam protegê-las se tornam seus predadores”, disse Lynn Maalouf, diretora de investigações sobre Oriente Médio da Anistia Internacional.

A Anistia exigiu ainda das autoridades que “acabem imediatamente com a prática comum e sistemática de desaparecimentos forçados de suspeitos de vínculos com o EI, que deixa milhares de esposas, mães e filhos em desespero”.