Papéis avulsos

A empresa do setor educacional Ânima teve prejuízo de R$ 18,1 milhões no último trimestre de 2018, revertendo o lucro de R$ 10,8 milhões obtido no mesmo período do ano anterior. Em 2018, a empresa lucrou R$ 2,3 milhões contra R$ 85,2 milhões em 2017. Segundo a Ânima, esse resultado contabiliza despesas não recorrentes de R$ 52 milhões relativas a um processo de reestruturação operacional e de governança promovido nos últimos meses. Já a receita líquida cresceu 4,8% no ano passado chegando a R$ 1,09 bilhão, com aumento de 7% na base de alunos (hoje, aproximadamente 97,2 mil estudantes). O preço médio da mensalidade foi de R$ 855, queda de 0,6% frente a 2017. O recuo reflete o aumento de bolsas e descontos nas primeiras mensalidades do curso. A empresa argumenta que a redução da receita é consequência do aumento da competitividade em todas as regiões em que atua.

 

Infraestrutura

Acordos na Justiça pressionam CCR

A CCR teve prejuízo de R$ 307,1 milhões no quarto trimestre de 2018, revertendo o lucro de R$ 329,1 milhões no mesmo período do ano anterior. O resultado negativo reflete os gastos de R$ 750 milhões desembolsados para arcar com o acordo de leniência firmado com o Ministério Público Federal por conta de irregularidades na RodoNorte. Além disso, a companhia foi impactada pela greve dos caminhoneiros, o que contribuiu para a redução do tráfego nas estradas da CCR em 3,9%. No ano, as ações da companhia sobem 4,9%.

 

Construção

Cyrela comemora resultado melhor

A Cyrela teve prejuízo de R$ 84 milhões em 2018. Mas o montante significa uma redução ante as perdas de R$ 95 milhões em 2017. As vendas no período cresceram 55,1%, totalizando R$ 5 bilhões. Considerado apenas o último trimestre do ano, o salto foi ainda maior: 94,6%, gerando R$ 2,4 bilhões. De outubro a dezembro a empresa lançou 29 empreendimentos, sendo 17 na cidade de São Paulo. Em dezembro, o estoque de terrenos da Cyrela somava 10,5 milhões de metros quadrados de área disponível. Isso significa uma receita potencial de R$ 41 bilhões. Em 2018 a companhia entregou 48 projetos, com 14,3 mil unidades que representavam R$ 4,2 bilhões em potencial de vendas. As ações da construtora sobem 5% em 2019.

 

Energia

Revigorada, Cesp volta ao azul

A Companhia Energética de São Paulo (Cesp) lucrou R$ 294,4 milhões em 2018 e reverteu o prejuízo de R$ 168,5 milhões do ano anterior. A receita evoluiu 10,7% na mesma base de comparação, chegando a R$ 1,6 bilhão. A produção de energia elétrica atingiu 9.275 GWh, redução de 2%. A receita com venda de energia totalizou R$ 1,9 bilhão, 10,3% a mais que em 2017. O volume total de energia negociada foi de 11.570,3 MWh, aumento de 3,9%. Os custos e as despesas operacionais somaram R$ 1,3 bilhão em 2018, queda de 16,2% ante o ano anterior. As ações da empresa sobem 12,2% em 2019.

 

Touro x Urso

Após a Bolsa ter batido 100 mil pontos, os investidores ligaram o alerta vermelho. Especialmente depois do desentendimento entre o presidente da República, Jair Bolsonaro, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que aumentou o risco de a reforma da Previdência não ser a que o governo espera. O Ibovespa voltou a operar na faixa dos 92 mil pontos.

 

Destaque no pregão

Lucro das Lojas Americanas sobe 180% em 2018

As Lojas Americanas lucraram R$ 227,5 milhões em 2018, alta de 180,1% em relação a 2017. A receita das chamadas “mesmas lojas”, abertas há pelo menos doze meses, cresceu 8,2%, totalizando R$ 17,6 bilhões. Esse avanço responde à estratégia bem sucedida de diversificação de produtos. Outro destaque que impactou positivamente o resultado foi o número recorde de inaugurações de lojas: 196. A empresa encerrou o ano com 1,4 mil estabelecimentos em 595 cidades. Para isso, foram investidos R$ 949,2 milhões em 2018 e o ritmo se mantém este ano. Em 2019, já são 13 novas lojas. Para Pedro Galdi, analista de investimentos da Mirae Asset, os números reportados foram neutros e em linha com a expectativa. Os papéis da varejista recuam 15,6% no ano.

Palavra do analista:
Pedro Galdi prevê uma reação mais significativa no resultado da empresa a partir do segundo semestre deste ano e também em 2020. “É quando esperamos uma economia mais forte”, diz. A recomendação de Galdi é de compra das ações, com preço-alvo de R$ 22,94, o que significa um potencial de alta de 18,6%.

 

 

Mercado em números

BB
US$ 750 milhões – É o volume captado via emissão de dívidas, com vencimento em 2024 e retorno de 4,75% para o investidor

LOCALIZA
R$ 1,3 bilhão – Foi o montante aprovado pelo conselho de administração a ser captado via emissão de debêntures, com prazo final em 15 de abril de 2026

MRV
5,18% – Foi a participação que a gestora Dynamo Administrações de Recursos atingiu na construtora após aquisições recentes de ações no mercado, o que corresponde a cerca de 22,9 milhões de papéis

CIELO
R$ 147,8 milhões – É o valor que a empresa de cartões vai pagar em juros sobre o capital próprio aos seus acionistas. O valor estimado por ação é de R$ 0,0544

LOG-IN
R$ 6,1 milhões – É quanto lucrou a empresa em 2018, o que reverte o seu prejuízo de R$ 606,9 milhões do ano anterior

CPFL
R$ 300,1 milhões – Foi o volume aprovado pelo conselho de administração para promover o aumento de capital da companhia com a emissão de novas ações

 

O número da semana

US$ 10,7 bilhões

É a somatória das entradas de recursos estrangeiros direcionados para investimentos em ações, fundos de investimento e títulos de renda fixa negociados no mercado doméstico no primeiro bimestre de 2019. As informações são do Banco Central (BC). Considerado apenas o mês de fevereiro, os ingressos foram de US$ 4 bilhões. O movimento reverte a tendência que prevaleceu em 2018. Em dezembro do ano passado US$ 10,6 bilhões em investimentos estrangeiros deixaram o País. Nos últimos doze meses, até fevereiro, o saldo é negativo em US$ 11,9 bilhões. Ainda assim, representa uma redução em relação às saídas líquidas do ano passado (US$ 15,4 bilhões no acumulado até janeiro de 2019).

 

 

Entrevista da semana

“Se as reformas não passarem, teremos um voo de galinha”

Carlos Menezes, sócio da Gauss Capital

A Gauss Capital é uma gestora de recursos que encerrou em fevereiro seu vinculo com o Credit Suisse e firmou uma nova parceria, dessa vez com a Vectis Capital, de Paulo Lemann. A casa administra cerca de R$ 1,5 bilhão em fundos multimercados e renda fixa e prepara o lançamento de novos produtos na área de previdência. Carlos Menezes, sócio da Gauss, falou com a DINHEIRO.

Por que encerrar a parceria com o Credit Suisse? O que muda?
O fim da parceria foi um desenvolvimento natural do negócio, acertado em comum acordo entre ambas as partes. Agora, teremos mais flexibilidade no desenho de produtos e maior autonomia operacional, o que deve nos ajudar no dia a dia.

O que a parceria com a Vectis agrega?
O maior benefício é a rede de relacionamento dos sócios, que inclui multinacionais e importantes executivos de grandes instituições financeiras. Ter a Vectis com sócios tão seniores ao nosso lado ajuda a mostrar que a aposta da Gauss é ser uma gestora realmente grande.

Como deve ser a evolução da Gauss nos próximos meses?
Temos potencial para ser uma gestora de grande porte pela experiência dos sócios. É difícil cravar um número, mas vemos gestoras de multimercados captando R$ 3 bilhões, R$ 4 bilhões, e entendemos que se trata de um número plausível de alcançarmos no curto prazo.

Como a Gauss tem atuado no mercado?
Nossos fundos têm diversificação tanto com ativos locais como no exterior, mas hoje nossa maior posição está em juros no Brasil, dada a perspectiva positiva que enxergamos para a aprovação das reformas. Além disso, há muita incerteza no exterior, principalmente na Europa, com crescimento fraco, as incertezas quanto ao Brexit, e também a guerra comercial entre China e Estados Unidos.

Qual sua visão para o desempenho da economia brasileira?
Se as reformas não passarem teremos um vôo de galinha. No entanto, se elas forem aprovadas, enxergamos espaço até para uma queda adicional dos juros. O juro real está por volta de 4,5%, e se tivermos as mudanças na previdência ele pode ficar abaixo de 4%.