Se o mercado brasileiro conviver ao longo dos próximos meses com picos de volatilidade, a recuperação dos níveis de captação da indústria de fundos de investimento tende a ser mais longa, a despeito do cenário de baixas taxas de juros, segundo o vice-presidente da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), Carlos André.

No primeiro semestre deste ano, a captação líquida da indústria de fundos de investimento somou R$ 36,4 bilhões, queda de 71,8% ante o visto no mesmo período do ano passado. O volume é abaixo da média registrada nos últimos quatro anos. Dados da entidade mostram ainda que a instabilidade econômica afetou o resultado do setor em junho, quando os resgates somaram R$ 25,9 bilhões. Desse resgate, o montante de R$ 25 bilhões correspondeu a um único fundo exclusivo. Depois do aumento da volatilidade, o especialista vê, neste momento, um cenário de maior normalidade.

“Com uma volatilidade mais acentuada, o fluxo de recursos para fundos multimercados e de ações não será tão rápido”, destaca o executivo da Anbima, em teleconferência com jornalistas.

André frisa que, dada a proximidade das eleições no Brasil, é natural um aumento da volatilidade do mercado, fazendo com que investidores passem a buscar saídas mais conservadoras. No entanto, ele diz que a percepção é de que os investidores estão a cada dia demonstrando maior nível de maturidade.

O patrimônio líquido da indústria chegou em R$ 4,3 trilhões no fim de junho, aumento de 13,6% em um ano. O número de contas saiu de 13 milhões na metade do ano passado para 14,4 milhões um ano depois.

De janeiro a junho, os fundos multimercados foram os que mais registraram entrada líquida de recursos, com R$ 33,6 bilhões. Na sequência ficaram os fundos de ações, com R$ 18,6 bilhões. Os fundos renda fixa, por sua vez, registraram saída líquida de R$ 21,8 bilhões na primeira metade do ano. Com a queda dos juros, a rentabilidade dessa modalidade recuou no período.