O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, caiu 6% no primeiro semestre. Em junho, o tombo foi de 11,5%. Segundo analistas, o recuo ocorreu devido às altas de juros no Brasil e no exterior, além do temor por uma recessão global.

“O mau humor lá de fora contaminou a B3, mas temos os nossos próprios e sérios problemas, como a dúvida sobre a consistência fiscal”, disse o economista-chefe da Órama Investimentos, Alexandre Espírito Santo.

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No geral, os analistas disseram que esperam um segundo semestre extremamente turbulento para o Ibovespa, principalmente por causa da eleição. “O mercado deve começar a precificar o próximo governo. Por isso, indicações para os ministérios e possíveis alterações na política econômica devem trazer incertezas e volatilidade”, afirmou o analista da Toro Investimentos, Lucas Serra.

Em termos setoriais, o especialista da Guide Investimentos, Rodrigo Crespi, disse que deverá haver pressão maior sobre os papéis de saúde e construção civil. “Pode acontecer uma nova saída de investidores da renda variável, que tende a ser puxada pela alta dos juros nos EUA, além de um possível reajuste de 0,5 ponto porcentual nos juros aqui no Brasil”, disse Crespi.

Ele acrescentou que os papéis de tecnologia devem seguir pressionados, pois essas empresas dependem de liquidez elevada e juros baixos. “A melhor forma de se proteger na renda variável no segundo semestre é entrar em companhias de bens e capitais, como a Weg, além de outros setores, como elétricas e bancos”, afirmou Crespi.

PROJEÇÕES – Apesar de todas as incertezas ainda há otimistas no mercado. A estimativa da Órama para o Ibovespa no fim de 2022 é de 125 mil pontos, uma alta de 26,8% na comparação com o fechamento de quinta-feira (30). A razão são os preços baixos. “Estamos negociando com P/L em torno de 6,5 vezes, enquanto a média da década de 2010 foi 13 vezes. No pior momento da década passada, o P/L foi 9 vezes”, disse o economista-chefe Órama Investimentos.

Já os analistas da Toro Investimentos disseram esperar uma alta de 19,3% no índice até o fim do ano, com o Ibovespa chegando a 117,6 mil pontos, Mesmo assim, a nova estimativa é menor do que a anterior, que era de 132 mil pontos. Assim como a Toro, os demais analistas estão revisando suas estimativas para a segunda metade do ano.

A turbulência do primeiro semestre fez com que nenhum dos principais indicadores financeiros superasse a inflação. Os índices de preços apresentaram as maiores variações. O IGP-M, da Fundação Getulio Vargas (FGV) subiu 8,2% e o IPCA-15, do IBGE, avançou 5,6% no primeiro semestre. O CDI rendeu 5,4%. A poupança também ficou para trás, com uma variação de 3,6%. A renda variável também não foi nada atrativa. Quem apostou as fichas no Ibovespa perdeu 6%.