SÃO PAULO (Reuters) – O assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Celso Amorim, discutiu a guerra da Ucrânia com o conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, informou a Casa Branca na terça-feira, após Amorim classificar de “absurda” a declaração de um porta-voz de Sullivan que disse que o Brasil “papagueia” a posição da Rússia sobre o conflito.

“Eles discutiram uma série de questões bilaterais e globais, incluindo a guerra da Rússia contra a Ucrânia, a contínua cooperação no combate à mudança climática e proteção do meio ambiente, o G20 e nossos esforços conjuntos para preservar as instituições democráticas”, disse a Casa Branca em comunicado.

John Kirby, porta-voz de Sullivan, disse na segunda-feira que o Brasil “papagueia” a propaganda russa em relação à guerra na Ucrânia, após Lula afirmar no domingo que a decisão da guerra foi tomada por dois países, mais uma vez colocando a Ucrânia como também responsável pelo conflito iniciado em fevereiro do ano passado. O comentário de Kirby ocorreu também depois de Lula receber o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, na segunda-feira.

+ Após críticas, Lula condena violação do território da Ucrânia

Opinião: Política externa do Brasil causa consternação no Ocidente

Em entrevista à GloboNews na terça, Amorim classificou de “absurda” a declaração de Kirby, negou alinhamento brasileiro à Rússia e afirmou que o Brasil condena a invasão da Ucrânia e o uso da força sem autorização da Organização das Nações Unidas (ONU), assim como também condena a imposição de sanções a Moscou sem o aval da ONU.

Também na terça, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, disse que o Brasil está errado ao argumentar que os EUA estão encorajando a guerra na Ucrânia e que o tom do país não é de neutralidade. Ela rejeitou os comentários de Lula, que acusou os Washington e a União Europeia de prolongarem o conflito ao fornecer armas aos ucranianos.

Ela disse que as autoridades norte-americanas foram “surpreendidas pelo tom” dos comentários de Lula e acrescentou: “É claro que queremos que essa guerra acabe.”

“O tom não foi de neutralidade e (o comentário) não é verdadeiro, e continuaremos a falar sobre isso”, afirmou.

(Por Eduardo Simões)