Operando no padrão militar no qual foi condensado, o presidente Jair encerrou uma coletiva que concedia na quarta-feira (24) no aeroporto de Rio Branco com três palavrinhas: “Acabou a entrevista”. Ele estava acompanhado do estrategista sanitário Eduardo Pazuello e se irritou com a pergunta feita sobre a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) de anular a quebra de sigilo bancário de Flávio, o filho senador. Por 4 votos a 1 os ministros do STJ viram problemas de fundamentação na decisão judicial. Parlamentar profissional (deputado estadual entre 2003 e 2018, senador desde 2019), Flávio foi denunciado em novembro de 2020. O Ministério Público do Rio de Janeiro ainda poderá recorrer da decisão.

TURQUIA CONDENA TRIO LIGADO A FUGA DE CARLOS GHOSN

Anwar Amro

Um tribunal turco condenou na quarta-feira (24) um funcionário e dois pilotos da MNG Jet, companhia aérea privada, por envolvimento na fuga do Japão do ex-presidente do grupo Renault-Nissan Carlos Ghosn em 2019. Eles foram sentenciados a quatro anos e dois meses de prisão. O tribunal absolveu outros dois pilotos da acusação de “contrabandear ilegalmente um imigrante”. Ghosn foi preso em Tóquio em 2018 por má conduta financeira e escapou quando estava sob fiança e aguardava o julgamento. Ele foi levado de Osaka a Istambul em um avião particular e depois transferido para outro avião para Beirute, onde chegou em 30 de dezembro de 2019. Os acusados insistiram que não sabiam que ele estava a bordo.

A PODRE LADAINHA DAS INSTITUIÇÕES REPUBLICANAS

Evaristo Sa

Não parece ter fim a excrescência da turma da Lava Jato (Sergio Moro, Deltan Dallagnol & Cia Bela). Um delegado da Polícia Federal teria forjado e assinado depoimento que jamais ocorreu. Sim: um delegado inventou um depoimento. É preciso repetir para que algo tão absurdo surpreenda alguém no País dos absurdos. E tudo com a anuência dos procuradores de Curitiba – para absoluta surpresa de ninguém. É o que mostram os novos diálogos enviados ao Supremo Tribunal Federal pela defesa do ex-presidente Lula na segunda-feira (22). Numa conversa mantida entre os procuradores Deltan Dallagnol e Orlando Martello Júnior em 2016 eles falam de uma delegada da Polícia Federal chamada Erika — provavelmente Erika Marena, responsável pelos casos da Lava Jato. “Como expõe a Erika: ela entendeu que era pedido nosso e lavrou termo de depoimento como se tivesse ouvido o cara, com escrivão e tudo, quando não ouviu nada… Dá no mínimo uma falsidade…”, disse Dallagnol. A delegada é a mesma que, pouco depois, conduziu a operação que levou para a cadeia o então reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, Luiz Carlos Cancellier. Ele foi libertado, mas, humilhado, se matou em outubro de 2017.

Leon Neal

“Assim como o vírus, a desinformação atravessa fronteiras, sofre mutações e evolui”

Stephen Powis diretor médico nacional da NHS (serviço de saúde da Inglaterra), rebatendo a sugestão de tratamentos alternativos – como comer kimchi sem açúcar – recomendados pela atriz americana Gwyneth Paltrow, que teve Covid-19 no início da pandemia e diz ainda sofrer efeitos, como fadiga.

UMA BOA AÇÃO… PARA QUEM?

Divulgação

Tem cheiro de cloroquina uma suposta boa ação aprovada pelo Senado brasileiro na quarta-feira (24). O projeto de lei 3.477, nascido na Câmara no ano passado, determina que a União repasse R$ 3.501.597.083,20 a estados e municípios para “a garantia de acesso à internet, com fins educacionais, a alunos e a professores da educação básica pública”. À primeira vista, lindo e necessário. É fato que estudantes do ensino público ficaram dramaticamente prejudicados num País que não é igualitário nem no acesso à internet. Mas é de boa ação que o bolso do tungador se alimenta. Há duas armadilhas no texto que vai para sanção presidencial. A primeira é que até metade dessa dinheirama deve ser destinada à compra de “terminais portáteis que possibilitem acesso a rede de dados móveis”. Tablets, por exemplo. A segunda é que esses dispositivos “poderão ser cedidos para os professores e os alunos em caráter permanente”. Opa, doação de até R$ 1,7 bilhão em tablets! Portinhas de morder dinheiro público à vista. Alguém tem dúvida de que inúmeros desses dispositivos possam parar onde não devem? Problema dois: em 2019, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (Fundeb) tentou a compra de tablets para a rede pública de ensino. Coisa de R$ 3 bilhões. A Controladoria Geral da União (CGU) impediu a farra ao constatar que em pelo menos 350 escolas haveria mais tablets que alunos. E pelo menos em uma delas o edital previa 118 unidades por estudante. Que pata peluda escreveu o edital? Ninguém sabe. Com blockchain saberíamos.

FED SEM OPERAR

Por cerca de quatro horas na quarta-feira (24) os sistemas do Federal Reserve que executam milhões de transações financeiras por dia – como restituições de impostos e transferências interbancárias – ficaram inoperantes por algum tipo de falha interna. A maioria dos sistemas foi restaurada no final do dia, mas a queda fez o mercado americano questionar a resiliência da infraestrutura de TI da instituição da qual o país depende para processar pagamentos. A interrupção ocorreu na mesma semana em que o presidente do Fed, Jerome Powel, disse a congressistas sobre o progresso feito no sistema de pagamentos focado no consumidor e os esforços da instituição para desenvolver um dólar digital.