O mais novo carro da Citroën não é um carro. Pesando cerca de 400kg – metade do peso de um automóvel popular –, com capacidade para duas pessoas e velocidade máxima de 45km/h, está bem mais para um quadriciclo. “Por suas características, é classificado na legislação europeia como ‘veículo sem carteira de motorista’”, afirmou o diretor de Marketing da Citroën no Brasil, Sergio Davico. Adequadamente batizado de Ami (“amigo”, em francês), ele foi lançado com a proposta da montadora francesa de colocar no mercado um produto inovador e amigável em relação às demandas da mobilidade moderna, da praticidade e da sustentabilidade socioambiental. O descolado Ami é tudo isso. Ele é 100% elétrico – produz zero de poluição –, barato – custa a partir de 6 mil euros – e miúdo. Suas medidas falam por si. São 2,41m de comprimento, 1,39m de largura e 1,5m de altura. Bem menor do que o carro mais compacto vendido no Brasil, o Fiat Mobi, que mede 3,6m de comprimento (50% maior), 1,6m de largura e 1,5m de altura. Assim, fica fácil entender os motivos que levaram a Citroën a anunciar o Ami como um ultracompacto.

Apresentado ao mundo como carro-conceito no Salão do Automóvel de Genebra, na Suíça, no ano passado, o Ami começou a ser vendido há cinco meses, apenas na França, e já teve 1,6 mil unidades comercializadas. Pode ser comprado nas lojas ou pelo smartphone. A montadora não divulga quanto investiu no projeto, mas afirma que já cogitava materializar o que nasceu como conceito. “Quando apresentamos o veículo em Genebra, já havia a intenção de transformá-lo num modelo real”, disse Davico. “O Ami é um objeto de mobilidade não convencional e inovador, produzido com o pensamento no futuro”. De fato, tudo em relação ao veículo parece ter sido projetado de olho no amanhã. O design é um desses pontos.

Para baratear os custos de produção – e, consequentemente, o preço ao consumidor –, ele tem estrutura simétrica, permitindo que os mesmos moldes sejam utilizados para a fabricação de várias peças. As portas são o melhor exemplo. Ambas têm o padrão do lado direito, o que faz com que uma abra para frente e a outra para trás, dando um ar divertido ao Ami. Os custos também foram reduzidos no painel e em alguns equipamentos. Sabe aquelas telas de 8 polegadas, cheias de comandos e recursos tecnológicos? Esqueça. Ar-condicionado, vidros elétricos, air-bag? Nada disso. “Em relação aos equipamentos de segurança, o Ami respeita todas as exigências para homologação na sua categoria, que é diferente dos automóveis de passeio.” Há um painel básico, que mostra informações fundamentais – como velocidade e carga da bateria –, e um case no qual o motorista deve conectar o próprio smartphone, permitindo o acesso a aplicativos de música e de navegação, entre outros. Criado para o público jovem ou que não precisa efetuar grandes deslocamentos, o veículo consegue percorrer até 70km com a bateria de íon de lítio 100% carregada e tem tempo de recarga de três horas na tomada. “O Ami é uma solução inteligente para proporcionar liberdade de movimento e praticidade nos dias atuais”, disse Davico. “Ele nasceu para democratizar a mobilidade urbana.” Segundo o executivo, o modelo foi criado para ser usado em pequenos trajetos, como compras perto de casa e idas à academia, ao trabalho e à escola ou à universidade.

ALUGUEL POR MINUTO O público jovem tem sido o maior consumidor do produto. Segundo a Citroën, 42% dos usuáios são adolescentes, já que descarta a obrigatoriedade da carteira de habilitação e pode ser conduzido por pessoas a partir de 14 anos. Montado sobre uma estrutura tubular de aço, o veículo preza pela segurança. “Muitos pais compram para seus filhos irem à aula.” Quem não quiser comprar também pode ter o seu Ami apenas pelo tempo que precisar. Uma das novidades que a Citroën elaborou são as alternativas on demand. Numa delas, o cliente só paga pelo período que usar. E esse tempo pode ser um dia, uma hora ou um minuto. Efetuado por meio de um aplicativo desenvolvido pela montadora, esse formato cobra 26 centavos de euro por minuto e 15 euros por uma hora.

Pedro Bicudo

”O Ami é uma solução inteligente para proporcionar liberdade de movimento e praticidade nos dias atuais. Ele nasceu para democratizar a mobilidade urbana”Sergio Davico, diretor de Marketing da Citroën no Brasil.

Para períodos mais longos, há o pacote no qual o cliente paga 2.644 euros iniciais e 19,99 mensais, pelo mínimo de dois anos e o máximo de quatro anos. Assim, ter o Ami por quatro anos custa 3,6 mil euros – 40% mais barato do que comprar o veículo. Por enquanto, ele só está presente na França, mas chegará à Itália ainda este ano. Para 2021, a Citroën planeja lançamentos em outros dez países da Europa, entre eles Alemanha, Dinamarca, Espanha, Holanda e Portugal. “Ainda não temos previsão de vender o Ami no Brasil”, disse Davico. Só nos resta esperar. Considerando o preço da gasolina e o trânsito caótico da maioria das cidades do País, o amigo da mobilidade pode fazer muito sucesso por aqui.