Donald Trump embarcou para o Texas nesta terça-feira(12) em sua primeira viagem desde o violento ataque ao Capitólio, sinalizando claramente sua disposição de permanecer na Casa Branca até o final de seu mandato, apesar da pressão dos democratas no Congresso exigindo sua saída imediata.

No meio de uma tempestade, a poucos dias do fim de seu governo, Trump se reuniu na tarde de segunda-feira com seu vice-presidente, Mike Pence, que, ao que parece, decidiu fazer uma frente comum com ele perante os democratas, rejeitando os pedidos para destituí-lo invocando a 25ª Emenda à Constituição.

A saída do presidente dos Estados Unidos para a Alamo, no sul do Texas, está marcada para as 10h00 locais (12h do horário de Brasília), embora a Casa Branca tenha sido especialmente discreta sobre a programação neste grande estado fronteiriço com o México.

O objetivo da viagem, segundo o executivo?

“Reconhecer a conclusão de mais de 640 km de muro de fronteira, promessa feita – promessa cumprida – e destacar os esforços de seu governo para reformar um sistema de imigração disfuncional”.

Os resultados, no entanto, estão muito longe do “grande, magnífico” muro prometido por Trump na campanha de 2016.

Do total, apenas cerca de vinte quilômetros foram construídos em áreas onde antes não havia barreira física.

O restante corresponde a melhorias ou reforços de barreiras existentes.

E o México nunca pagou pelo muro, como o magnata do mercado imobiliário havia prometido.

Enquanto isso, em Washington está sendo preparado um processo que entrará para a história, mas que também pode colocar em risco o futuro político de Trump.

O bilionário republicano pode se tornar o primeiro presidente americano a enfrentar dois julgamentos políticos no Congresso, ou “impeachment”.

A Câmara dos Deputados vai examinar o impeachment na quarta-feira e deve votar no mesmo dia.

– Processo histórico –

Apoiado por um grande número de democratas, e possivelmente alguns republicanos, o texto deve ser facilmente adotado. Essa votação marcará a abertura formal do segundo processo de impeachment contra o presidente dos Estados Unidos.

A dúvida, porém, está no desenvolvimento e resultado do processo que deve ser aberto posteriormente no Senado, com maioria republicana. Os democratas assumirão o controle da Câmara Alta em 20 de janeiro, mas precisarão do apoio de vários republicanos para alcançar a maioria de dois terços necessária para destituir o presidente.

Um julgamento também pode complicar a ação legislativa dos democratas no início da presidência de Biden, monopolizando as sessões do Senado.

Ao mesmo tempo, os democratas pretendem aprovar uma resolução nesta terça-feira para pedir ao vice-presidente que remova Trump de suas funções.

Até que ele seja destituído, a “cumplicidade” dos republicanos com Trump coloca “os Estados Unidos em perigo”, disse a poderosa presidente da Câmara, Nancy Pelosi.

Acusando o inquilino da Casa Branca de ter “incitado uma insurreição mortal”, a líder democrata reiterou seu ultimato a Pence para responder “dentro de 24 horas” à Casa após a aprovação desta resolução.

Em sua reunião na tarde de segunda-feira, no Salão Oval, o vice-presidente já deu a entender que não escolheria esse caminho. O encontro dos dois marcou uma importante virada em seu relacionamento, tenso desde o convulsivo 6 de janeiro.

Apesar da pressão de Trump, Pence indicou naquele dia em uma carta que não impediria a validação no Congresso dos resultados da eleição presidencial, desencadeando a fúria do presidente e de seus seguidores.

“Mike Pence não teve a coragem de fazer o que teria que fazer para proteger nosso país e nossa Constituição”, Trump tuitou enquanto seus apoiadores invadiam o Capitólio.

Vídeos postados nas redes sociais mostraram uma multidão gritando “enforquem Mike Pence” do lado de fora do Capitólio.

Biden fará o juramento cercado por um grande dispositivo de segurança em 20 de janeiro, na escadaria do Capitólio, a sede do Congresso dos Estados Unidos.

Criticado pelo atraso no envio da Guarda Nacional na última quarta-feira, o Pentágono autorizou desta vez o envio de 15.000 soldados para a cerimônia de investidura.

“Não tenho medo”, apesar dos riscos de novas manifestações pró-Trump, disse o democrata na segunda-feira.

Biden pediu a busca de todos os implicados nos atos de “insurreição” da última quarta-feira, que deixaram cinco mortos e um país em estado de choque.