Quando se pensa em impactos ambientais na Amazônia, é provável que muitos imaginem destruição de árvores, alguns talvez pensem nos animais, mas poucas pessoas se lembrarão da água. Só que há um sinal de alerta.

De acordo com os resultados do Índice de Impacto nas Águas da Amazônia (IIAA), criado pela Ambiental Media com apoio do Instituto Serrapilheira, as bacias hidrográficas da floresta estão sofrendo com os atos do homem. E muito. De acordo com o levantamento, das 11.216 microbacias da Amazônia no Brasil, 20% já sofrem um nível de impacto considerado extremo, muito alto ou alto por ações antrópicas.

Em outras palavras, atividades provocadas por homens como agricultura e pecuária, urbanização, garimpo ilegal, mineração industrial e construção de hidrelétricas estão colocando em risco um dos sistemas hídricos naturais mais importantes do País. “Conseguimos perceber que as águas da Amazônia estão bem menos protegidas do que imaginávamos”, disse Cecília Gontijo Leal, bióloga e pesquisadora da USP, e uma das autoras do IIAA.

Considerando todas as microbacias mais críticas, 50% estão afetadas por hidrelétricas e 21% sofrem efeitos combinados de barragens e mineração industrial. Nem mesmo as terras indígenas escapam. Segundo o IIAA, das 385 terras indígenas, 14% têm índices preocupantes.

Evandro Rodrigues

(Nota publicada na edição 1276 da Revista Dinheiro)