Mil ambientalistas salvadorenhos marcharam nesta terça-feira (7) para exigir a proteção do meio ambiente diante de projetos que ameaçam “sua estabilidade”, entre eles o “Bitcoin City”, que o governo planeja construir no leste do país.

Gritando frases como “o meio ambiente é cuidado e defendido” ou “a água é um tesouro que pertence a todos nós”, os ativistas se reuniram em um parque no setor oeste de San Salvador para marchar por alguns quilômetros até a Casa Presidencial. Eles não chegar a seu destino final devido à cercas com arame farpado erguidas para impedir sua passagem.

“Queremos pedir ao governo que cuide da natureza de forma integral. Temos uma crise ambiental exagerada e por isso precisamos de uma política ambiental que garanta a sustentabilidade, a proteção dos bens naturais diante dos megaprojetos que estão sendo considerados, como a cidade bitcoin”, disse à imprensa um dos líderes da marcha, Rodolfo Calles.

O presidente Nayib Bukele promove a construção da “Bitcoin City” em Conchagua, 180 km ao leste da capital, bem próximo ao vulcão de mesmo nome, que inclui a criação de uma usina geotérmica para fornecer energia à cidade.

Para realizar o projeto, o governo tem pendente uma emissão de títulos em bitcoin equivalentes a 1 bilhão de dólares.

Em setembro de 2021, o bitcoin foi aceito por El Salvador como moeda legal ao lado do dólar, adotado há mais de duas décadas.

“O Bitcoin City terá um impacto severo porque exigirá água potável e no leste do país isso é um problema. Além disso, onde será construído, terá um impacto ambiental sobre os recursos naturais”, apontou Calles.

Os ativistas também disseram temer o impacto sobre o meio ambiente de vários projetos urbanos na periferia noroeste de San Salvador, onde as casas são construídas em áreas onde há reservas de água.

“Vamos sofrer esse impacto ambiental a médio e longo prazo quando a água potável é escassa e não temos onde levar o líquido para a população”, disse Morena Murillo, outra organizadora da marcha.