Grupos ambientalistas australianos protestaram, nesta terça-feira (23), contra um novo projeto de usina de gás na cristalina costa do noroeste do país, alegando que isso vai dizimar a luta internacional contra a mudança climática.

Caminhando rapidamente para se tornar um importante ator na área de energia, a empresa Woodside Petroleum anunciou na segunda-feira (22) a conclusão de seus planos para investir US$ 12 bilhões na remota jazida de gás de Scarborough e começar a extração em 2026.

Especialistas e ativistas dizem que o projeto é tão prejudicial quanto construir 15 centrais elétricas de médio porte a carvão e zomba dos compromissos globais para conter os investimentos em combustíveis fósseis.

“É muito grande. Resultará em 1,6 bilhão de toneladas de emissões ao longo de sua vida útil, cerca de 56 milhões de toneladas por ano”, disse à AFP Mark Ogge, principal assessor do “think tank” Australia Institute.

“É uma coisa incrivelmente irresponsável de se levar adiante, enquanto o mundo faz o que pode para conter a mudança climática”, criticou.

A empresa conta com o apoio do conservador governo australiano, que garantiu, recentemente, que o país “continuará vendendo combustíveis fósseis enquanto alguém quiser comprá-los”. A Austrália é um dos principais exportadores de carvão e gás do mundo.

O ministro de Recursos, Keith Pitt, disse nesta terça que o novo projeto, que entrará em operação até 2050, é “uma grande conquista”. Para ele, isso mostra que “a demanda pelo nosso gás e por nossos recursos continua crescendo”.

O diretor-executivo da Woodside Petroleum, Meg O’Neill, disse que a jazida de Scarborough fornecerá benefícios que ajudarão a “financiar projetos futuros e novos produtos energéticos”.