O relaxamento das políticas de fiscalização ambiental promovido pelo governo Bolsonaro de 2019 para cá já impactou 90% das espécies da Amazônia. Essa é a principal conclusão do estudo Como a Desregulamentação, a Seca e o Aumento do Fogo Impactam a Biodiversidade Amazônica, recém-publicado na revista Nature pela Universidade do Arizona (EUA) com participação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e outras entidades.

O estudo analisou 1,5 mil espécies de plantas e 3 mil espécies de animais e considerou três períodos: de 2002 a 2008, quando a regulamentação e a fiscalização ambientais eram pouco efetivas no combate ao desmatamento; de 2009 a 2015, quando a fiscalização se tornou mais rigorosa, com consequente redução das queimadas e derrubada de árvores; e entre 2016 e 2019, início do relaxamento da fiscalização.

Segundo o professor Danilo Neves, do Departamento de Botânica do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG, um dos autores do trabalho, ainda que existam teorias de que as queimadas no bioma seriam fruto de eventos naturais, foi o sucateamento dos órgãos de fiscalização a principal causa da perda da biodiversidade.

De acordo com ele, mesmo se forem considerados o aumento recente das secas na Amazônia, que podem contribuir para o fogo, “podemos afirmar que o clima mais seco não é suficiente para explicar o grande aumento das queimadas”. O responsável, então, tem nome e sobrenome. “Nas nossas análises, o que mais explica esse número alarmante de áreas queimadas é o aumento do desmatamento, que se deve ao relaxamento da fiscalização”, disse Neves. Política de Jair Bolsonaro.

Evandro Rodrigues

(Nota publicada na edição 1239 da Revista Dinheiro)