Na calada da noite, o plenário da Câmara dos Deputados liberou a exploração de uma área de 5,9 mil quilômetros quadrados do Parque Nacional do Jamanxin, bem no coração da Amazônia, no Estado do Pará. Trata-se de um duro golpe à floresta, que já vem sendo devastada desde o início do governo Dilma Rousseff, após um período de queda no desflorestamento. A área, o equivalente a quatro vezes o tamanho da cidade de São Paulo, foi rebaixada da categoria de Floresta Nacional (Flona) para a de Área de Proteção Ambiental (APA).

DIN1019-sustenta2Na prática, isso significa que, agora, o local pode ser explorado comercialmente, tanto para a retirada de madeira, quanto para a agropecuária e até a mineração. A votação das Medidas Provisórias aconteceu na madrugada na quarta-feira 17. Mas ainda há esperança. O projeto agora segue para o Senado, onde, deve ser votado até o final de maio, e, depois, para sanção presidencial. É mais um passo na direção do desmonte das políticas ambientais que vem sendo promovido pelos dois últimos governos.

Tudo começou em 2012, com a aprovação do novo Código Florestal. A legislação anistiou os fazendeiros que desmataram ilegalmente até 2008. Foi como um sinal verde para a motosserra. De 2005 até 2012, a destruição da floresta estava diminuindo. No ano passado, o desflorestamento voltou a crescer pelo segundo ano consecutivo, algo que não acontecia há 12 anos. Somente entre agosto de 2015 e julho de 2016, quase oito mil quilômetros quadrados, o equivalente a seis vezes a capital paulista, foram destruídos.

Com a liberação do Parque do Jamanxin, feita a pretexto de construir a Ferrovia EF-170, a chamada Ferrogrão, o governo propicia mais um instrumento para a destruição de um dos maiores patrimônios brasileiro. A Ferrogrão, por sinal, vai precisar mexer em apenas 10 quilômetros quadrados do parque. Um dia, a conta vai chegar.

(Nota publicada na Edição 1019 da Revisa Dinheiro)